Apresentação no Centro Cultural São Luís dos Franceses
1789-1799. Dez anos que mudaram a relação entre o papado e o poder
de Pierluca Azzaro
A capa do livro de Gérard Pelletier
Como foi que a Santa Sé reagiu à Revolução Francesa? Qual foi a atitude de Pio VI e de seus colaboradores diante dos eventos que se seguiram à Revolução, em primeiro lugar a Constituição Civil do Clero de 1790? Essas as perguntas são o pano de fundo do amplo trabalho de Gérard Pelletier, jovem pároco de Saint-Louis en l’Ile, em Paris. Para responder a elas, o autor não parte “de considerações de natureza psicológica” - como sublinhou Pierre Blet -, mas da consulta minuciosa de ampla documentação histórica, até hoje “totalmente negligenciada ou ao menos só parcialmente utilizada”, como quis lembrar Agostino Borromeo.
A imponente quantidade de fontes históricas em que se baseia a pesquisa de Pelletier abarca não apenas a documentação de natureza mais diretamente político-diplomática - a correspondência da Secretaria de Estado com os vários núncios apostólicos - mas também os documentos conservados nos arquivos das várias congregações romanas, em particular os da antiga Congregação do Santo Ofício, até pouco tempo inacessíveis aos historiadores, mas que hoje podem ser consultados no Arquivo Histórico da Congregação para a Doutrina da Fé.
Os eventos da década de 1789 a 1799 suscitaram um debate não apenas político-diplomático, mas também doutrinal-teológico, que o autor reconstrói com grande precisão. E esse duplo resultado do significativo trabalho de Pelletier que serve como ponto de partida para a conferência de Andrea Riccardi, que encontra, nesse debate, os grandes temas e as grandes questões que marcariam a história da Igreja nos séculos XIX e XX.