As cartas de von Galen à Pio XII
Na edição de julho-agosto, 30Dias
apresentou aos leitores três das cartas que Pio XII enviou a Clemens August von
Galen, nas quais o papa Pacelli exprime sua plena aprovação e gratidão pela
firme coragem com a qual o bispo alemão se opôs ao nazismo de Hitler. Aquelas
cartas, que continuavam desconhecidas do grande público, fazem parte de uma
correspondência que Pio XII manteve com Von Galen entre 1940 e 1946. Dessa
correspondência, nunca estudada até hoje, publicamos nestas páginas três
missivas das oito que o Leão de Münster enviou ao papa Pacelli nos anos de
guerra. Respondendo a Pio XII, Von Galen o informa aqui não apenas da
perseguição sofrida sob o regime nazista, mas também das terríveis devastações
provocadas pelos bombardeios aliados sobre a Alemanha, contra as quais o bispo
não economiza palavras fortes. São cartas que sublinham ainda mais
significativamente a estreita sintonia e unidade de juízo entre Pio XII e Von
Galen, tanto na firme condenação do nazismo quanto no decidido repúdio de uma
culpa coletiva que se queria atribuir ao povo alemão
Carta de Von Galen de 4 de novembro de 1943 a Pio XII
Padre Santo!
Ajoelhando-me espiritualmente aos pés de Vossa Santidade, seja-me permitido expressar minha infinita gratidão pela magnânima designação a assistente do trono de Vossa Santidade, comunicada em 8 de setembro de 1943 por sua eminência o cardeal secretário de Estado, no Capítulo da nossa catedral. Ter a honra de ser acolhido na restrita “família pontifícia” é um privilégio imerecido que ainda mais alegra e regozija meu coração, na medida em que, por graça de Deus e por educação familiar, desde a minha juventude ligam-me ao Vigário de Cristo na terra os mais profundos vínculos de temor, amor e submissão; essa é uma disposição de alma que a paternal afabilidade e a benevolência de Vossa Santidade pela minha pessoa aumentaram ainda mais. Peço a Deus que sustente minha frágil vontade para que permaneça firme, até o fim, na imutável fidelidade a Roma, à rocha de Pedro e ao supremo Sucessor do Chefe dos Apóstolos, e também que preserve e reforce na fidelidade ao Santo Padre o clero e os fiéis que me são confiados. Que Ele, em Sua benevolência e misericórdia, disponha que cedo me seja concedido aproximar-me pessoalmente de Vossa Santidade, de modo a poder expressar em viva voz meus sentimentos de temor, amor e gratidão.
Devo agradecer de modo todo particular a Vossa Santidade pela carta pessoal de 24 de fevereiro de 1943, que me foi entregue em maio por sua excelência o núncio apostólico. Cheio de alegria, comuniquei a meu clero e a meus fiéis os ensinamentos e admoestações paternais e sábias nela contidos. Eles devem servir de guia e encorajamento para o cuidado das almas, que muitas vezes se torna tão difícil, mas também, de modo particular, na luta por nossa santificação pessoal.
Ao lado de outros documentos recentes, gostaria de submeter a Vossa Santidade o texto de duas pregações que fiz em 29 de junho e em 19 de setembro, em nossa catedral, nas quais dei a conhecer aos fiéis as palavras de ensinamento e encorajamento de Vossa Santidade e, ao mesmo tempo, repeli energicamente as repugnantes calúnias que ocultamente são disseminadas contra Vossa Santidade. Infelizmente, os textos dessas duas pregações, como também todos os outros relatórios e documentos preparados para serem enviados a Roma, foram queimados com a destruição da residência episcopal e do edifício do Ordinariato causada por uma incursão aérea inimiga em 10 de outubro passado.
Ao longo do ano passado, as agressões
aéreas inimigas muitas vezes atingiram e danificaram sobretudo as nossas
cidades industriais: Bottrop, Bocholt, Sterkrade, Gladbeck e, em particular,
Duisburg-Hamborn. Nesses ataques, foi gravemente danificado também um grande
número de igrejas, de edifícios eclesiásticos, e muitos hospitais. Também em
Münster, em 10 de junho, uma grave incursão tornou, entre outras coisas,
temporariamente inutilizáveis muitas igrejas, e a igreja do Sagrado Coração de
Jesus assim ficará por muito tempo. Domingo, 10 de outubro, uma incursão aérea
de bombardeios inimigos, breve, mas extremamente brutal, reduziu a destroços
grande parte do antigo e venerando centro histórico de Münster. Sofremos muito
pelas vítimas que causou. Ao lado de um grande número de leigos, pereceram
quatro sacerdotes: dois membros do Capítulo da nossa catedral, os prelados
professor doutor Emmerich e professor doutor Diekamp, além do professor emérito
doutor Vrede e do professor doutor Hautkappe. Na casa-mãe da nossa “Congregação
das Irmãs Misericordiosas da Santíssima Virgem e Mãe Maria das Dores
(Clemensschwestern)”, foi morta a superiora-geral, ao lado de duas superiores
locais que, bem naquele momento, haviam sido chamadas a participar dos
exercícios na casa-mãe. Foram gravemente danificadas também outras casas
religiosas na cidade, e, da mesma forma, o seminário e o instituto teológico.
Deploramos sobretudo a destruição das antigas e grandes igrejas da cidade de Münster. Uma bomba de impacto atingiu e incendiou a torre campanária norte da Catedral; os destroços e o lixo atingiram e derrubaram duas vezes a construção principal, e diversas outras foram danificadas; dentro, muito foi destruído; todo o teto foi devorado pelo fogo. Nas igrejas paroquiais de Nossa Senhora e de São Lamberto, ruíram as abóbadas do coro; as igrejas de São Martinho, de São Clemente e de São Pedro sofreram danos tão graves que há dúvidas sobre a possibilidade de restauração.
Na praça da catedral, foram completamente queimadas e destruídas as cúrias do vigário e do decano da catedral e as casas de outros três cônegos capitulares da catedral, de forma que essas reverendas pessoas não conseguiram salvar nada, além de algumas peças de vestuário; entre os feridos está também o senhor cônego capitular da catedral, Franz Vorwerk, que, sem nenhuma culpa, encontra-se ainda em exílio.
Graças à misericordiosa proteção de Deus, fiquei pessoalmente ileso, exceto por algumas leves feridas, na explosão de duas bombas de impacto que atingiram e demoliram parcialmente o pátio do episcopado; mas, no incêndio que estourou inevitavelmente, perdi todo o mobiliário, todos os livros, escritos e documentos e, entre eles, as amorosas cartas pessoais de Vossa Santidade, circunstância que me causa particular dor; grande parte dos paramentos pontificais e dos objetos sacros foi destruída; todavia, conseguiram-se retirar a salvo as peças de vestimenta mais necessárias.
Ainda mais grave e cheio de repercussões não avaliáveis é o fato de que ficaram completamente queimados e destruídos os escritórios do Vicariato Geral e do Oficialato, além de todos os documentos ali conservados desde cerca de 1820. Já pedi a sua excelência o núncio apostólico que me conceda por esta vez a dispensa da redação da “Relatio de statu dioecesis” que deveria ser compilada este ano, já que se perderam todos os documentos preparatórios, os materiais e documentos necessários para sua redação.
Padre Santo! Mais ainda do que essas
perdas exteriores, pesa sobre mim a preocupação pela salvação das almas dos
fiéis que me foram confiados e pela manutenção da religião cristã em nosso
país. É claro que ainda são milhares aqueles que, provenientes de todos os
extratos sociais e profissionais, mesmo entre os jovens, são fiéis a Cristo e a
Sua santa Igreja; com gratidão a Deus, pude apurar como os habitantes das
regiões da nossa diocese, que, há tempos imemoriais, são na maioria católicos,
dão, na provação, um grande testemunho e suportam valorosamente e com
resignação as penas causadas pela guerra, oferecendo-as a Deus. Mesmo este ano,
deslocando-me para as crismas e para as peregrinações, pude alegrar-me e ser
edificado pelo testemunho extraordinariamente vivo, na medida do possível, de
um fiel sentimento católico, e pela devoção para com o Pastor que Deus deu à
diocese. Todavia, é inegável que, em geral, partes realmente consideráveis do
povo alemão olham para o cristianismo, para a verdadeira fé em Deus com
indiferença, até com inimizade, abandonando cada vez mais os vínculos morais
da herança cristã comunicada até hoje. Devemos, talvez, ver na guerra de
aniquilação, que pode reduzir grande parte da Europa não-cristã a uma montanha
de destroços e a um território desolado, um castigo justo que se abateu sobre
aqueles que “abandonaram a fonte da água viva e escavaram poços que não
sustentam a água”. Indicar a eles o caminho de volta às “fontes Salvatoris” é
nossa grande e difícil tarefa. Nesse meio tempo, a coisa mais necessária é que
nós, ao lado de todos aqueles que permaneceram fiéis, seguindo o exemplo e a
freqüente admoestação de Vossa Santidade, aceitemos das mãos de Deus, docilmente
e com gratidão, as penas e privações, e as oferecemos à Majestade divina como
tributo de penitência e expiação. No final destas linhas, seja-me permitido
expressar minha profunda gratidão a Vossa Santidade por todos os ensinamentos e
admoestações que nos chegaram. Nestas últimas semanas, foi para mim fonte de
consolação e de força em especial o conteúdo da encíclica Mystici Corporis
Christi, sobretudo a
referência ao “tremendum sane mysterium, ac satis nunquam meditatum: multorum
salutem a mystici Iesu Christi Corporis membrorum precibus voluntariisque
afflictionibus pendere”, pois dele extraio a esperança de que nossos
sacrifícios e nossos sofrimentos, em unidade com a cruz de Cristo, obtenham e
acelerem a misericórdia de Deus por nós, por nosso povo e por todos os povos.
Na esperança de que nossas orações e os sacrifícios por nós oferecidos possam contribuir para impetrar a Vossa Santidade todo dom celeste, a liberdade e a saúde, peço humildemente para meus diocesanos, leigos e sacerdotes, especialmente aqueles que se encontram no front, e para nossa juventude a bênção apostólica, e permaneço, na mais profunda veneração a Vossa Santidade, devotíssimo e obedientíssimo filho e servidor
+ C. A.
Carta de 20 de agosto de 1945 a Pio XII
Padre Santo!
Na mais profunda veneração e amor filial, ajoelho-me espiritualmente aos pés do trono papal, para saudar o sublime Vigário de Jesus Cristo, o pai comum da cristandade. Já há meses insisto ao governo militar britânico que autorize e torne possível a livre troca epistolar com Roma, como também uma visita pessoal a Vossa Santidade. Todavia, até hoje, não obtive sucesso! Espero agora, por ocasião da próxima Conferência Episcopal de Fulda, poder ao menos fazer chegarem estas poucas linhas a Vossa Santidade, pela intermediação de sua excelência o núncio apostólico.
Sinto o dever e o desejo de exprimir antes de mais nada gratidão por Vossa Santidade, também em nome de meus diocesanos. O isolamento de Roma, que já dura meses, e a impossibilidade de sermos informados sobre o estado, as palavras e as ações de Vossa Santidade não diminuíram nosso amor pelo Santo Padre nem nosso fervor em rezar por Vós, e nem mesmo nossa aspiração de receber de Vós ensinamento, direção e consolação. As primeiras palavras de Vossa Santidade que depois de tanto tempo recebemos foram as da alocução ao Colégio Cardinalício de 2 de junho passado, recentemente expedidas pelo núncio apostólico e em seguida entregues a mim também pelo secretário da chancelaria, doutor Pünder, que finalmente voltou à pátria. O teor sincero, ao lado da exposição indiscutivelmente clara do passado, da situação atual e de seus perigos, mostra-nos novamente a benévola compreensão e o imutável amor de Vossa Santidade por nós, por nosso pobre povo e por nossa pátria, para com a qual quase todo o resto do mundo parece alimentar unicamente ódio, aversão e sede de vingança. Até os novos jornais alemães, dirigidos pelas forças de ocupação, são obrigados a publicar continuamente declarações que querem imputar a todo o povo alemão, também para aqueles que nunca louvaram as errôneas doutrinas do nacional-socialismo e, pelo contrário, segundo suas possibilidades, lhe opuseram resistência, uma culpa coletiva e a responsabilidade por todos os crimes cometidos por aqueles que antes detinham o poder. Parece que essa disposição de espírito seja a razão do tratamento dado aos soldados alemães prisioneiros de guerra, que contradiz a Convenção de Genebra (falta ainda qualquer notícia daqueles que pereceram na prisão na Rússia); parece ser a razão para que se permitam campanhas de furto e de saque realizadas por trabalhadores estrangeiros a seu tempo deportados para a Alemanha, especialmente russos e poloneses, com conseqüentes incêndios dolosos, homicídios e violências carnais sobre mulheres respeitáveis e virgens; parece ser a razão, além disso, da impiedosa expulsão da população alemã de sua pátria e de suas propriedades, tal como em parte já foi realizada e, em parte, programada para o futuro. É realmente terrível que o nacionalismo exasperado que culmina no culto da raça domine hoje também entre os vencedores, a tal ponto que, em Potsdam, decidiu-se expulsar toda a população alemã dos territórios entregues à Polônia e à Tchecoslováquia (a Prússia Oriental, a Pomerânia, o Brandeburgo Oriental, a Silésia, a Boêmia e assim por diante) e matá-los nos territórios alemães ocidentais já hoje superpovoados.
Ao mesmo tempo, na Holanda, chega-se a
impedir a volta e até a visita às esposas e filhos de homens alemães que, por
anos, viveram e moraram naquele país, que lá se casaram com mulheres holandesas
e cujas famílias lá vivem e esperam a volta do pai para casa. Semelhante
dilaceração violenta das famílias lembra realmente as doutrinas raciais do
nacional-socialismo, que se manifestavam na perseguição dos judeus e na
violenta dilaceração de matrimônios de cristãos com judeus batizados.
Como somos gratos, em meio a semelhante postura do mundo, pelas palavras amorosas, compreensivas, consoladoras e encorajadoras de Vossa Santidade em 2 de junho de 1945. Nós as sentimos como as palavras do Vigário dAquele que veio ao mundo “non ut iudicet mundum, sed ut salvetur mundus per ipsum”.
Escrevo a Vossa Santidade das ruínas da cidade de Münster, que ainda nos últimos dias de guerra, em 23 e 25 de março de 1945, foi novamente sepultada sob bombas de impacto e incendiárias. Naquela ocasião, ao lado da catedral, foram quase completamente destruídas e queimadas as partes antigas da cidade; das antigas igrejas, continua a poder ser utilizada apenas a igreja de São Maurício, que se encontra fora da cidade. Os trabalhos para a reconstrução, a reparação e a proteção dos restos ainda utilizáveis não são mantidos pelas forças de ocupação, e, à luz da carência de habitações, essa obra certamente deve ser adiada.
Olhamos para o futuro com a maior preocupação. Muitíssimos perderam, em razão dos bombardeios, casa, trabalho, atividade. Muitíssimos, no Oriente e no Ocidente, fugindo dos fronts de guerra, abandonaram sua pátria e não podem voltar a ela: isso vale sobretudo para aqueles que fugiram das tropas russas, os quais nem podem voltar nem recebem notícias de seus familiares que lá ficaram. Nosso povo cristão da zona rural, com grande magnanimidade, acolheu os refugiados que escaparam das cidades, das fronteiras, das zonas de guerra, reduzindo ao mínimo suas exigências, de forma a poderem assegurar aos forasteiros o alimento e a morada.
Mas, a longo prazo, a vida em comum a que se obrigam famílias que antes eram independentes, em casas pequenas e sem divisórias, com todos os espaços, móveis e utensílios domésticos em comum, põe à prova duramente não apenas a paciência e o amor, mas também as boas maneiras. A isso se acrescente a condição quase desesperada e sem perspectivas pela qual passa nossa economia, e o perigo latente de proletarização e até de completo empobrecimento de grandes famílias que até hoje viviam com suficiente conforto e bem-estar, mesmo nas camadas mais cultas. Como será difícil preservar a fé na bondade paterna de Deus e no fiel cumprimento dos mandamentos da justiça e do amor ao próximo em todos os homens que terão de suportar o “destino proletário de uma existência incerta”! Já hoje os apóstolos de um comunismo sem Deus desenvolvem uma febril atividade agitadora, especialmente nas regiões industriais: tememos que a marcha triunfal das idéias bolcheviques se estenda bem além das fronteiras da zona de ocupação russa. Infelizmente, as forças de ocupação da parte ocidental, a Inglaterra e os Estados Unidos, parecem não perceber esse perigo, ou não ter a coragem de tomar as contra-medidas necessárias, empreendendo uma ação eficaz contra o perigo da proletarização do povo alemão.
Padre Santo! Peço desculpas humildemente se aflijo o coração de pai de Vossa Santidade com a exposição de nossa difícil situação. Por outro lado, posso assegurar que nosso povo fiel até agora persevera firme na fé, que grande parte dos combatentes que voltam para casa logo voltam à tradição católica paterna, que os sacerdotes-soldados e os seminaristas dão, sem dúvida, a impressão de terem mantido sua santa vocação, passando por todos os perigos, de maneira honrosa e sem mancha. Deus seja louvado por essas graças numerosas e reais, e pela consolação que trazem essas constatações. Vão me servir de estímulo para uma confiança ilimitada em Deus e para o otimismo contente no trabalho e na solicitude pelo reino de Cristo.
Devo, além disso, pedir perdão se ouso escrever a Vossa Santidade de um modo que, pela forma, papel e escritura é inadequado e pouco condigno. Peço humildemente que considere como justificação dessa circunstância a minha indigência, pois devo me contentar com o que encontro. Seguindo o desejo filial do meu coração, ouso levar ao benévolo coração paterno no trono de Pedro meu profundo respeito e expor minhas preocupações. Confiante na benevolência que Vossa Santidade demonstrou tantas vezes para com minha mísera pessoa, permito-me incluir ainda esta comunicação: meu irmão mais novo, Franz, criado particular de Vossa Santidade e que Vossa Santidade conhece, preso pela Gestapo em agosto de 1944 e levado sem nenhuma razão manifesta, em abril foi libertado do campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Oranienburg, e em julho voltou a sua família, vivo, mesmo que debilitado e com a saúde seriamente comprometida.
Ao tomar a liberdade de incluir o texto de uma pregação feita por mim no início de julho de 1945 no santuário de Telgte, nas imediações de Münster, peço humildemente a bênção apostólica para mim, para minha diocese, meus sacerdotes, os soldados que voltam do front, tantas famílias divididas e vivendo na indigência e a juventude ameaçada, e continuo a ser, com reverência filial,
Filho e servidor obedientíssimo de Vossa Santidade.
+ C. A.
Bispo de Münster
Carta de 6 de janeiro de 1946 a Pio XII
Padre Santo!
Com reverência filial, ajoelho-me espiritualmente aos pés de Vossa Santidade, e em vão procuro as palavras que possam exprimir o que sinto no mais profundo de meu coração. O rádio e depois os jornais divulgaram que Vossa Santidade se dignou integrar o Sacro Colégio cardinalício com a nomeação de um grande número de novos membros. Chamando ao supremo Senado e Conselho do Chefe da Igreja homens de todas as partes do mundo, povos e nações, Vossa Santidade demonstrou e manifestou de modo insuperável ao mundo inteiro a supranacionalidade da santa Igreja Católica, sua coesão e sua unidade, que mostram o quanto é vergonhoso o ódio dos povos. Nem nosso pobre povo alemão, devastado pela guerra, humilhado pela derrota, e hoje esmagado por todos os lados pelo ódio e pela sede de vingança, foi esquecido, mas iluminado pela nomeação de três bispos alemães ao Colégio Cardinalício; e por isso, com coração profundamente comovido, os católicos alemães, ao lado de seus bispos e sacerdotes e também de muitos alemães não católicos agradecem ao Vigário de Cristo na terra.
Se Vossa Santidade dispôs que também minha pobre pessoa esteja entre eles e deva entrar no Sacro Colégio dos cardeais, posso unicamente dizer que essa dignidade e nomeação inesperada e imerecida me confundem e me pesam, de forma que, com Pedro, gostaria de dizer: “Exi a me, quia homo peccator sum, Domine”.
Somente o princípio que, na medida do
possível, pretendi honrar ao longo de toda a minha existência, de considerar
qualquer desejo do Papa um mandamento dAquele que o pôs como Pastor universal
leva-me a proferir humildemente meu “Adsum”, como já no dia de minha
consagração sacerdotal, e a aceitar a dignidade e a honra que me são
conferidas. Consola-me poder distinguir um reconhecimento da conduta corajosa
da maioria dos católicos da diocese de Münster que me foi confiada, os quais,
nos anos da perseguição e da opressão, se mantiveram fiéis a Cristo, a Sua
santa Igreja, ao Santo Padre, e por meio de sua força de espírito e de sua
conduta tornaram possível que, também publicamente, eu pudesse defender os
direitos de Deus e da Igreja, e os direitos dados por Deus à pessoa humana. As
incessantes manifestações de amizade que chegaram de meus diocesanos quando do
anúncio da notícia de minha nomeação, os inúmeros cumprimentos advindos de toda
a diocese e de toda a Alemanha me dão o direito de interpretar nesse sentido e
aceitar esse gesto de graça de Vossa Santidade.
E é por isso que, com abandono filial, exprimo a Vossa Santidade, em nome dos fiéis de minha diocese e também dos católicos alemães, minha mais deferente gratidão por essa renovada, imerecida comprovação de benevolência e amor paterno. Com isso renovo o voto solene de imutável fidelidade, de assídua obediência e de amor filial ao Chefe da Igreja, ao Vigário de Cristo na terra e à sublime pessoa de Vossa Santidade, pela qual, em nossas pobres orações, procuramos diariamente impetrar a graça, a proteção e a assistência de Deus.
Na feliz esperança de poder cedo ajoelhar-me aos pés de Vossa Santidade, e com o humilde pedido da bênção apostólica para mim e para meus diocesanos, permaneço, na mais profunda deferência, filho e servidor mais obediente de Vossa Santidade.
+ C. A.
Clemens August von Galen
Carta de Von Galen de 4 de novembro de 1943 a Pio XII
Padre Santo!
Ajoelhando-me espiritualmente aos pés de Vossa Santidade, seja-me permitido expressar minha infinita gratidão pela magnânima designação a assistente do trono de Vossa Santidade, comunicada em 8 de setembro de 1943 por sua eminência o cardeal secretário de Estado, no Capítulo da nossa catedral. Ter a honra de ser acolhido na restrita “família pontifícia” é um privilégio imerecido que ainda mais alegra e regozija meu coração, na medida em que, por graça de Deus e por educação familiar, desde a minha juventude ligam-me ao Vigário de Cristo na terra os mais profundos vínculos de temor, amor e submissão; essa é uma disposição de alma que a paternal afabilidade e a benevolência de Vossa Santidade pela minha pessoa aumentaram ainda mais. Peço a Deus que sustente minha frágil vontade para que permaneça firme, até o fim, na imutável fidelidade a Roma, à rocha de Pedro e ao supremo Sucessor do Chefe dos Apóstolos, e também que preserve e reforce na fidelidade ao Santo Padre o clero e os fiéis que me são confiados. Que Ele, em Sua benevolência e misericórdia, disponha que cedo me seja concedido aproximar-me pessoalmente de Vossa Santidade, de modo a poder expressar em viva voz meus sentimentos de temor, amor e gratidão.
Devo agradecer de modo todo particular a Vossa Santidade pela carta pessoal de 24 de fevereiro de 1943, que me foi entregue em maio por sua excelência o núncio apostólico. Cheio de alegria, comuniquei a meu clero e a meus fiéis os ensinamentos e admoestações paternais e sábias nela contidos. Eles devem servir de guia e encorajamento para o cuidado das almas, que muitas vezes se torna tão difícil, mas também, de modo particular, na luta por nossa santificação pessoal.
Ao lado de outros documentos recentes, gostaria de submeter a Vossa Santidade o texto de duas pregações que fiz em 29 de junho e em 19 de setembro, em nossa catedral, nas quais dei a conhecer aos fiéis as palavras de ensinamento e encorajamento de Vossa Santidade e, ao mesmo tempo, repeli energicamente as repugnantes calúnias que ocultamente são disseminadas contra Vossa Santidade. Infelizmente, os textos dessas duas pregações, como também todos os outros relatórios e documentos preparados para serem enviados a Roma, foram queimados com a destruição da residência episcopal e do edifício do Ordinariato causada por uma incursão aérea inimiga em 10 de outubro passado.
Desabrigados entre as ruínas da cidade de Aachen, destruída pelos bombardeios em outubro de 1944
Deploramos sobretudo a destruição das antigas e grandes igrejas da cidade de Münster. Uma bomba de impacto atingiu e incendiou a torre campanária norte da Catedral; os destroços e o lixo atingiram e derrubaram duas vezes a construção principal, e diversas outras foram danificadas; dentro, muito foi destruído; todo o teto foi devorado pelo fogo. Nas igrejas paroquiais de Nossa Senhora e de São Lamberto, ruíram as abóbadas do coro; as igrejas de São Martinho, de São Clemente e de São Pedro sofreram danos tão graves que há dúvidas sobre a possibilidade de restauração.
Na praça da catedral, foram completamente queimadas e destruídas as cúrias do vigário e do decano da catedral e as casas de outros três cônegos capitulares da catedral, de forma que essas reverendas pessoas não conseguiram salvar nada, além de algumas peças de vestuário; entre os feridos está também o senhor cônego capitular da catedral, Franz Vorwerk, que, sem nenhuma culpa, encontra-se ainda em exílio.
Graças à misericordiosa proteção de Deus, fiquei pessoalmente ileso, exceto por algumas leves feridas, na explosão de duas bombas de impacto que atingiram e demoliram parcialmente o pátio do episcopado; mas, no incêndio que estourou inevitavelmente, perdi todo o mobiliário, todos os livros, escritos e documentos e, entre eles, as amorosas cartas pessoais de Vossa Santidade, circunstância que me causa particular dor; grande parte dos paramentos pontificais e dos objetos sacros foi destruída; todavia, conseguiram-se retirar a salvo as peças de vestimenta mais necessárias.
Ainda mais grave e cheio de repercussões não avaliáveis é o fato de que ficaram completamente queimados e destruídos os escritórios do Vicariato Geral e do Oficialato, além de todos os documentos ali conservados desde cerca de 1820. Já pedi a sua excelência o núncio apostólico que me conceda por esta vez a dispensa da redação da “Relatio de statu dioecesis” que deveria ser compilada este ano, já que se perderam todos os documentos preparatórios, os materiais e documentos necessários para sua redação.
Os B-17, as famosas “fortalezas voadoras” americanas, durante um bombardeio sobre a Alemanha
Na esperança de que nossas orações e os sacrifícios por nós oferecidos possam contribuir para impetrar a Vossa Santidade todo dom celeste, a liberdade e a saúde, peço humildemente para meus diocesanos, leigos e sacerdotes, especialmente aqueles que se encontram no front, e para nossa juventude a bênção apostólica, e permaneço, na mais profunda veneração a Vossa Santidade, devotíssimo e obedientíssimo filho e servidor
+ C. A.
Carta de 20 de agosto de 1945 a Pio XII
Padre Santo!
Na mais profunda veneração e amor filial, ajoelho-me espiritualmente aos pés do trono papal, para saudar o sublime Vigário de Jesus Cristo, o pai comum da cristandade. Já há meses insisto ao governo militar britânico que autorize e torne possível a livre troca epistolar com Roma, como também uma visita pessoal a Vossa Santidade. Todavia, até hoje, não obtive sucesso! Espero agora, por ocasião da próxima Conferência Episcopal de Fulda, poder ao menos fazer chegarem estas poucas linhas a Vossa Santidade, pela intermediação de sua excelência o núncio apostólico.
Sinto o dever e o desejo de exprimir antes de mais nada gratidão por Vossa Santidade, também em nome de meus diocesanos. O isolamento de Roma, que já dura meses, e a impossibilidade de sermos informados sobre o estado, as palavras e as ações de Vossa Santidade não diminuíram nosso amor pelo Santo Padre nem nosso fervor em rezar por Vós, e nem mesmo nossa aspiração de receber de Vós ensinamento, direção e consolação. As primeiras palavras de Vossa Santidade que depois de tanto tempo recebemos foram as da alocução ao Colégio Cardinalício de 2 de junho passado, recentemente expedidas pelo núncio apostólico e em seguida entregues a mim também pelo secretário da chancelaria, doutor Pünder, que finalmente voltou à pátria. O teor sincero, ao lado da exposição indiscutivelmente clara do passado, da situação atual e de seus perigos, mostra-nos novamente a benévola compreensão e o imutável amor de Vossa Santidade por nós, por nosso pobre povo e por nossa pátria, para com a qual quase todo o resto do mundo parece alimentar unicamente ódio, aversão e sede de vingança. Até os novos jornais alemães, dirigidos pelas forças de ocupação, são obrigados a publicar continuamente declarações que querem imputar a todo o povo alemão, também para aqueles que nunca louvaram as errôneas doutrinas do nacional-socialismo e, pelo contrário, segundo suas possibilidades, lhe opuseram resistência, uma culpa coletiva e a responsabilidade por todos os crimes cometidos por aqueles que antes detinham o poder. Parece que essa disposição de espírito seja a razão do tratamento dado aos soldados alemães prisioneiros de guerra, que contradiz a Convenção de Genebra (falta ainda qualquer notícia daqueles que pereceram na prisão na Rússia); parece ser a razão para que se permitam campanhas de furto e de saque realizadas por trabalhadores estrangeiros a seu tempo deportados para a Alemanha, especialmente russos e poloneses, com conseqüentes incêndios dolosos, homicídios e violências carnais sobre mulheres respeitáveis e virgens; parece ser a razão, além disso, da impiedosa expulsão da população alemã de sua pátria e de suas propriedades, tal como em parte já foi realizada e, em parte, programada para o futuro. É realmente terrível que o nacionalismo exasperado que culmina no culto da raça domine hoje também entre os vencedores, a tal ponto que, em Potsdam, decidiu-se expulsar toda a população alemã dos territórios entregues à Polônia e à Tchecoslováquia (a Prússia Oriental, a Pomerânia, o Brandeburgo Oriental, a Silésia, a Boêmia e assim por diante) e matá-los nos territórios alemães ocidentais já hoje superpovoados.
Refugiados alemães na estação ferroviária de Berlim, em 1945
Como somos gratos, em meio a semelhante postura do mundo, pelas palavras amorosas, compreensivas, consoladoras e encorajadoras de Vossa Santidade em 2 de junho de 1945. Nós as sentimos como as palavras do Vigário dAquele que veio ao mundo “non ut iudicet mundum, sed ut salvetur mundus per ipsum”.
Escrevo a Vossa Santidade das ruínas da cidade de Münster, que ainda nos últimos dias de guerra, em 23 e 25 de março de 1945, foi novamente sepultada sob bombas de impacto e incendiárias. Naquela ocasião, ao lado da catedral, foram quase completamente destruídas e queimadas as partes antigas da cidade; das antigas igrejas, continua a poder ser utilizada apenas a igreja de São Maurício, que se encontra fora da cidade. Os trabalhos para a reconstrução, a reparação e a proteção dos restos ainda utilizáveis não são mantidos pelas forças de ocupação, e, à luz da carência de habitações, essa obra certamente deve ser adiada.
Olhamos para o futuro com a maior preocupação. Muitíssimos perderam, em razão dos bombardeios, casa, trabalho, atividade. Muitíssimos, no Oriente e no Ocidente, fugindo dos fronts de guerra, abandonaram sua pátria e não podem voltar a ela: isso vale sobretudo para aqueles que fugiram das tropas russas, os quais nem podem voltar nem recebem notícias de seus familiares que lá ficaram. Nosso povo cristão da zona rural, com grande magnanimidade, acolheu os refugiados que escaparam das cidades, das fronteiras, das zonas de guerra, reduzindo ao mínimo suas exigências, de forma a poderem assegurar aos forasteiros o alimento e a morada.
Mas, a longo prazo, a vida em comum a que se obrigam famílias que antes eram independentes, em casas pequenas e sem divisórias, com todos os espaços, móveis e utensílios domésticos em comum, põe à prova duramente não apenas a paciência e o amor, mas também as boas maneiras. A isso se acrescente a condição quase desesperada e sem perspectivas pela qual passa nossa economia, e o perigo latente de proletarização e até de completo empobrecimento de grandes famílias que até hoje viviam com suficiente conforto e bem-estar, mesmo nas camadas mais cultas. Como será difícil preservar a fé na bondade paterna de Deus e no fiel cumprimento dos mandamentos da justiça e do amor ao próximo em todos os homens que terão de suportar o “destino proletário de uma existência incerta”! Já hoje os apóstolos de um comunismo sem Deus desenvolvem uma febril atividade agitadora, especialmente nas regiões industriais: tememos que a marcha triunfal das idéias bolcheviques se estenda bem além das fronteiras da zona de ocupação russa. Infelizmente, as forças de ocupação da parte ocidental, a Inglaterra e os Estados Unidos, parecem não perceber esse perigo, ou não ter a coragem de tomar as contra-medidas necessárias, empreendendo uma ação eficaz contra o perigo da proletarização do povo alemão.
Padre Santo! Peço desculpas humildemente se aflijo o coração de pai de Vossa Santidade com a exposição de nossa difícil situação. Por outro lado, posso assegurar que nosso povo fiel até agora persevera firme na fé, que grande parte dos combatentes que voltam para casa logo voltam à tradição católica paterna, que os sacerdotes-soldados e os seminaristas dão, sem dúvida, a impressão de terem mantido sua santa vocação, passando por todos os perigos, de maneira honrosa e sem mancha. Deus seja louvado por essas graças numerosas e reais, e pela consolação que trazem essas constatações. Vão me servir de estímulo para uma confiança ilimitada em Deus e para o otimismo contente no trabalho e na solicitude pelo reino de Cristo.
Devo, além disso, pedir perdão se ouso escrever a Vossa Santidade de um modo que, pela forma, papel e escritura é inadequado e pouco condigno. Peço humildemente que considere como justificação dessa circunstância a minha indigência, pois devo me contentar com o que encontro. Seguindo o desejo filial do meu coração, ouso levar ao benévolo coração paterno no trono de Pedro meu profundo respeito e expor minhas preocupações. Confiante na benevolência que Vossa Santidade demonstrou tantas vezes para com minha mísera pessoa, permito-me incluir ainda esta comunicação: meu irmão mais novo, Franz, criado particular de Vossa Santidade e que Vossa Santidade conhece, preso pela Gestapo em agosto de 1944 e levado sem nenhuma razão manifesta, em abril foi libertado do campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Oranienburg, e em julho voltou a sua família, vivo, mesmo que debilitado e com a saúde seriamente comprometida.
Ao tomar a liberdade de incluir o texto de uma pregação feita por mim no início de julho de 1945 no santuário de Telgte, nas imediações de Münster, peço humildemente a bênção apostólica para mim, para minha diocese, meus sacerdotes, os soldados que voltam do front, tantas famílias divididas e vivendo na indigência e a juventude ameaçada, e continuo a ser, com reverência filial,
Filho e servidor obedientíssimo de Vossa Santidade.
+ C. A.
Bispo de Münster
Carta de 6 de janeiro de 1946 a Pio XII
Padre Santo!
Com reverência filial, ajoelho-me espiritualmente aos pés de Vossa Santidade, e em vão procuro as palavras que possam exprimir o que sinto no mais profundo de meu coração. O rádio e depois os jornais divulgaram que Vossa Santidade se dignou integrar o Sacro Colégio cardinalício com a nomeação de um grande número de novos membros. Chamando ao supremo Senado e Conselho do Chefe da Igreja homens de todas as partes do mundo, povos e nações, Vossa Santidade demonstrou e manifestou de modo insuperável ao mundo inteiro a supranacionalidade da santa Igreja Católica, sua coesão e sua unidade, que mostram o quanto é vergonhoso o ódio dos povos. Nem nosso pobre povo alemão, devastado pela guerra, humilhado pela derrota, e hoje esmagado por todos os lados pelo ódio e pela sede de vingança, foi esquecido, mas iluminado pela nomeação de três bispos alemães ao Colégio Cardinalício; e por isso, com coração profundamente comovido, os católicos alemães, ao lado de seus bispos e sacerdotes e também de muitos alemães não católicos agradecem ao Vigário de Cristo na terra.
Se Vossa Santidade dispôs que também minha pobre pessoa esteja entre eles e deva entrar no Sacro Colégio dos cardeais, posso unicamente dizer que essa dignidade e nomeação inesperada e imerecida me confundem e me pesam, de forma que, com Pedro, gostaria de dizer: “Exi a me, quia homo peccator sum, Domine”.
A longa procissão para os funerais de Von Galen atravessa as ruas de Münster
E é por isso que, com abandono filial, exprimo a Vossa Santidade, em nome dos fiéis de minha diocese e também dos católicos alemães, minha mais deferente gratidão por essa renovada, imerecida comprovação de benevolência e amor paterno. Com isso renovo o voto solene de imutável fidelidade, de assídua obediência e de amor filial ao Chefe da Igreja, ao Vigário de Cristo na terra e à sublime pessoa de Vossa Santidade, pela qual, em nossas pobres orações, procuramos diariamente impetrar a graça, a proteção e a assistência de Deus.
Na feliz esperança de poder cedo ajoelhar-me aos pés de Vossa Santidade, e com o humilde pedido da bênção apostólica para mim e para meus diocesanos, permaneço, na mais profunda deferência, filho e servidor mais obediente de Vossa Santidade.
+ C. A.