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NOVA ET VETERA
Extraído do número 12 - 2011

Arquivo de 30Dias

“A fé pede”


Dia 22 de fevereiro é o aniversário da morte de Dom Luigi Giussani.

Recordando-o com gratidão e esperança, publicamos algumas frases suas sobre a oração. Todas poderiam se resumir na expressão de Santo Agostinho: “Aquilo que a lei ordena, a fé pede”


Algumas frases sobre a oração por Luigi Giussani


O último encontro de Dom Giussani com João Paulo II, Praça de São Pedro, 30 de maio de 1998

O último encontro de Dom Giussani com João Paulo II, Praça de São Pedro, 30 de maio de 1998

 

Ao grito desesperado do pastor Brand, no homônimo drama de Ibsen (“Responde-me, ó Deus, na hora em que a morte me engole: não é, então, suficiente toda a vontade de um homem para conseguir uma só parcela de salvação?”), corresponde a humilde positividade de Santa Teresinha do Menino Jesus, que escreve: “Quando vivo a caridade, é somente Jesus que age em mim”.
Tudo isto significa que a liberdade do homem, sempre implicada pelo Mistério, tem como forma suprema e inatacável de expressão a oração. Por isto, a liberdade se coloca, segundo toda a sua verdadeira natureza, como pedido de adesão ao Ser, portanto, a Cristo.


(Palavras pronunciadas diante de João Paulo II, Roma, Praça de São Pedro, 30 de maio de 1998)

 

 

 

 

 

É Cristo [a] presença que salva. Então, a nós, cabe pedi-lo. O “pedido da presença de Cristo dentro de cada situação e ocasião da vida”: nessa palavra do Papa pode-se resumir toda a ascese.

(L’opera del movimento. La fraternità di Comunione e liberazione. Cinisello Balsamo, Milão, ed. San Paolo, 2002, p. 177)

 

 

 

 

 

E a ascese é justamente isto: que se torne em nós familiar, apesar de tudo, o pedido da presença de Cristo em qualquer situação da vida; a Cristo, presença que salva. A nós cabe caminhar sem deixar de pedir.

(Em busca do rosto do homem. São Paulo, ed. Companhia Ilimitada, 1996, p. 110)

 

 

 

 

 

“O pedido da presença de Cristo em cada situação e ocasião da vida” – é uma frase do Papa –, isso é a ascese.
Que se torne familiar em nós o pedido da presença de Cristo em cada situação e ocasião da vida, isso é a ascese.

(L’opera del movimento. La fraternità di Comunione e liberazione. Cinisello Balsamo, Milão, ed. San Paolo, 2002, p. 176)

 

 

 

 


“Tra il dire e il fare c’è di mezzo il mare” [entre o dizer e o fazer, existe um mar]. Foi o título de um dos nossos primeiros encontros no primeiro ano no Berchet. “Tra il dire e il fare c’è di mezzo il mare”. Mas existe uma outra fórmula, que é quase igual – quase igual nas palavras –: “Tra il dire e il fare c’è di mezzo il domandare” [entre o dizer e o fazer, existe o pedir].

(Si può (veramente?!) vivere così? Milão, ed. Bur, 1996, p. 377)

 

 

 

 

 

Portanto, a força do pedido é o outro que está presente, não você. Essa é a diferença entre toda a grandeza de alma do homem – seja epicurista, seja estóico, conforme as várias versões – e o cristão. Para o homem comum, o importante é aquilo que ele é capaz de fazer, capaz de superar (seja ele estóico ou epicurista). Já o cristão... é como uma criança: está todo inclinado para a presença da mãe, do pai, do outro. É a força de Deus.

(Una presenza che cambia. Milão, ed. Bur, 2004, p. 122)

 

 

 

 

 

Esse é o trabalho?
É claro; daí se entende que o trabalho, em última instância, é oração, ou seja, um pedido: o pedido a Deus de que reponha você nos trilhos, lhe dê equilíbrio outra vez, torne seus olhos lúcidos novamente, dê força ao seu coração. Então você entende que ler os salmos das Laudes, da Hora Média, das Vésperas e das Completas, ler os salmos com atenção renova-o por inteiro, serve para renová-lo por inteiro.

(Una presenza che cambia. Milão, ed. Bur, 2004, p. 115)

 

 

 

 

 

Ele [Jesus] é o destino, pois é Deus, que passa pela proposta e pela indicação que dá à sua liberdade, é o destino que se submete à sua liberdade, que o ama tanto a ponto de condicionar-se à sua liberdade. E não à sua liberdade como acontecimento heróico, pois, diante da escolha do destino, o tema é tamanho que intimaria à imaginação um gesto heróico: a liberdade, a escolha da liberdade (de fato, todo o mundo infla isso aqui!). Mas não: Jesus é o destino que indica e se propõe à sua liberdade no que ela tem de mais infantil, mais ingênuo e bom, mais elementar, que é o pranto ou o pedido.

(L’attrattiva Gesù. Milão, ed. Bur, 1999, p. 290)

 

 

 

 

 

Devemos pedir a força do Pai, a força de Deus. A força de Deus é um homem, a misericórdia de Deus tem um nome na história: Jesus Cristo, diz o Papa na encíclica que citei. Nós devemos pedir Jesus! “Vem, Senhor Jesus. Vem, Senhor” é o grito que sintetiza toda a história humana, a história da relação entre o homem e Deus na Bíblia. Peguem a Bíblia, vejam na última página, as últimas palavras são estas: “Vem, Senhor”. Devemos rezar. É uma mendicância, não é uma força, mas a extrema fraqueza, a expressão extrema da consciência da fraqueza que existe em nós. A consciência da nossa fraqueza se torna mendicância. A mendicância é a última possibilidade de força adequada ao nosso destino, torna o homem adequado ao destino. Normalmente, isso se chama oração.

(Avvenimento di libertà. Conversazioni con giovani universitari. Gênova, ed. Marietti, 2002, p. 56)

 

 

 

 

 

Quer dizer então que o pedido também é um milagre?
É claro, ninguém pode dizer “Senhor Jesus”, a não ser no Espírito. É como se alguém pretendesse existir – ao menos três fios de cabelo – por si só. Nem mesmo um fio de cabelo! Você não pode acrescentar nem um fio de cabelo à sua cabeça (sim, pode usar alguma loção, mas não serve para nada!).
O verdadeiro problema é que o pedido já é um milagre. É a primeira forma da coerência, da realização de si, da própria liberdade. Rezar é um milagre, e é preciso aceitar o milagre.

(L’attrattiva Gesù. Milão, ed. Bur, 1999, p. 216)



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