Simpósio promovido pelo Conselho para a Unidade dos Cristãos
O papel do Papa? Falemos disso com os ortodoxos
de Gianni Valente
Santa Comunhão numa igreja ortodoxa em Moscou
Na encíclica Ut unum sint, de 1995, João Paulo II pediu a colaboração de pastores e teólogos para “encontrar uma forma de exercício do Primado que, mesmo não renunciando de modo algum ao essencial de sua missão, abra-se a uma situação nova”. Já a Congregação para a Doutrina da Fé, em dezembro de 1996, promoveu um Simpósio com a intenção de identificar os elementos da doutrina católica sobre o primado do sucessor de Pedro considerados irrenunciáveis. Mas da sessão de estudos convocada pelo ex-Santo Ofício participaram apenas conferencistas católicos. A originalidade do Simpósio realizado em Roma no final de maio foi dar a responsabilidade pelas conferências a acadêmicos e eclesiásticos ortodoxos, capazes de documentar o ponto de vista das Igrejas orientais sobre a questão que de fato representa a principal pedra de tropeço ao reconhecimento da plena unidade de fé entre Igrejas irmãs.
ý programação articulava-se em torno dos passos iniciais da constituição do Primado como ministério da unidade da Igreja: seu “ato de fundação” delineado no Novo Testamento; sua recepção junto aos Padres gregos e latinos; sua definição nos primeiros sete Concílios ecumênicos, celebrados pela Igreja indivisa. Na última sessão, o Simpósio examinaria a jurisdição direta do Pontífice sobre toda a Igreja, tal como é definida pelo Concílio Vaticano I. Para cada um desses núcleos temáticos estavam previstas duas conferências em paralelo, uma proferida por ortodoxos e uma por católicos.
Entre os conferencistas católicos figuraram dom Joachim Gnilka, o professor Vittorio Peri, o agostiniano Vittorino Grossi e dom Hermann Josef Pottmeyer, membro da Comissão Teológica Internacional. Do lado ortodoxo, as conferências foram proferidas pelo professor Theodoros Stylianopoulos, pelo grego Vlassios Pheidás, pelo romeno Nicolae Dura e por Johannes Zizioulas, metropolita de Pérgamo, um dos teólogos mais reconhecidos da Ortodoxia. Dada a inspiração “vaticana” do Simpósio e a presença, entre os congressistas, de representantes enviados por diversas Igrejas Ortodoxas, é fácil intuir o quanto a iniciativa superou os limites do debate puramente acadêmico e serviu para experimentar o terreno para um futuro possível diálogo oficial entre Igreja Católica e Igrejas Ortodoxas sobre o tema decisivo da função do bispo de Roma.
G. V.