Curtas de 30Dias
PAPA
Mensagem aos “irmãos prediletos” no centenário da Sinagoga de Roma
A Sinagoga de Roma
IGREJA
Desaba o Santuário, intacta a imagem de Nossa Senhora
O desabamento que destruiu o Santuário de Nossa Senhora da Gruta em Ardore , Calábria
ECUMENISMO
Apresentada em Roma a Enciclopédia Ortodoxa
Aléxis II e Vladimir Putin
Papa
Mensagem ao cardeal Angelini na inauguração de um centro de assistência na Romênia
O cardeal Fiorenzo Angelini, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, presidiu as celebrações para a inauguração em Bacau, na Romênia, de um novo centro de assistência social e sanitária, realizado pela Congregação das Irmãs Beneditinas Reparadoras da Santa Face de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para a ocasião, João Paulo II enviou, no dia 13 de maio, uma mensagem ao cardeal romano na qual escreve: “É-me grato expressar, nesta circunstância, o meu profundo apreço por Vossa Eminência, Senhor Cardeal, à Superiora-Geral e às Irmãs Beneditinas Reparadoras da Santa Face de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como a quantos apoiaram e realizaram concretamente esta obra providencial. Ela coloca-se como ajuda significativa aos pobres, aos doentes e aos idosos, testemunhando de maneira concreta aquela “fantasia da caridade”, à qual convidei a Igreja na Carta apostólica Novo millennio ineunte (cf. n. 50)”.
A mensagem do Papa foi publicada na ed. italiana no L’Osservatore Romano de 24-25 de maio junto com uma detalhada descrição da inauguração assinada pelo padre Gianfranco Grieco, principal enviado do jornal da Santa Sé.
Colégio dos Cardeais/1 O cardeal Law arcipreste de Santa Maria Maior
No dia 27 de maio o cardeal Bernard Francis Law, 73 anos em novembro deste ano, foi nomeado arcipreste da Basílica Patriarcal de Santa Maria Maior em Roma. Law foi arcebispo de Boston de janeiro de 1984 a dezembro de 2002, quando se demitiu em conseqüência do escândalo dos padres acusados de pedofilia que envolveu a diocese. No mesmo dia da sua nomeação, segundo o Corriere della Sera (28 de maio), Law foi visitar a Basílica e disse: “Estou muito feliz, aqui é tudo muito bonito”.
Colégio dos Cardeais/2 A morte do cardeal Thiandoum
No dia 18 de maio faleceu o cardeal Hyacinthe Thiandoum, 83 anos, arcebispo de Dakar de 1962 a 2000, importante figura da Igreja africana. O cardeal fora nomeado por Paulo VI em 1976.
Os funerais foram celebrados no dia 27 de maio na Catedral da capital senegalesa pelo cardeal Bernardin Gantin, decano emérito do Colégio dos Cardeais. A homilia realizada no rito fúnebre, ao qual participaram mais de 30 mil pessoas, foi publicada integralmente no L’Osservatore Romano de 29 de maio com um significativo título: Fidelidade a Deus, à Igreja e à África. Espírito missionário e espírito evangélico de uma presença luminosa para o Continente. (Ao contrário, quando alguns meses atrás o cardeal decano Joseph Ratzinger celebrou a missa fúnebre de um outro grande cardeal, Franz König, o jornal do Vaticano não dedicou espaço ao acontecimento).
Com o falecimento de Thiandoum o Colégio cardinalício resulta composto por 190 cardeais, dos quais 125 eleitores. Os senadores do papa criados por Paulo VI agora são 16, dos quais 4 votantes.
Colégio dos Cardeais/3 Stafford: Falência moral dos Estados Unidos
O cardeal norte-americano James Francis Stafford, 72 anos, acusou a administração Bush de “falência moral” pela guerra no Iraque e sublinhou que a guerra comprometeu gravemente as relações com o mundo árabe.
Em uma entrevista à revista mensal Inside the Vatican, Stafford - que desde outubro do ano passado é penitenciário-mor – também releva que as torturas contra os detentos iraquianos foram uma “barbárie”. Segundo o cardeal, a “falência moral” da administração dos Estados Unidos no Iraque deriva do fato de que não foram encontradas provas da existência de armas de destruição de massa, e isso enquanto “presidente, vice-presidente e secretário da Defesa diziam que havia perigo imediato para a paz da sociedade americana, por causa dessas armas ligadas a Al Qaeda. “Por que diziam isso”, pergunta-se, “se não havia provas concretas?”.
Além disso, o cardeal teme que o caso das torturas tenha “conseqüências a longo prazo nas relações com os árabes e os muçulmanos”: “os muçulmanos”, observa, “estão ultrajados e verdadeiramente abalados, pois estamos impondo-lhes as mesmas coisas das quais queríamos libertá-los”.
Havana Washington agrava o bloqueio. Reações do Embaixador junto à Santa Sé, dos Episcopados dos EUA e de Cuba
O presidente americano George W. Bush anunciou no dia 6 de maio que haverá maior rigor no embargo contra Cuba para acelerar “a libertação da tirania do povo cubano”. Bush aprovou as recomendações de uma Comissão encarregada por ele para propor medidas destinadas a acabar com a “ditadura comunista”.
Este anúncio suscitou críticas do governo de Havana, dos episcopados americano e cubano.
No dia 20 de maio Isidro Gomez Santos, embaixador de Cuba junto à Santa Sé, convocou uma entrevista coletiva para denunciar “a gravidade das medidas anunciadas pelos Estados Unidos que incidem de modo especial nas famílias cubanas e nos direitos humanos da população de Cuba”.
Em 21 de maio a Conferência Episcopal dos EUA apresentou a carta do seu presidente, o bispo Wilton Daniel Gregory, a George Bush, na qual se repete que “junto com o Papa João Paulo II e os bispos cubanos, consideramos o embargo econômico moralmente inaceitável e politicamente contraproducente [...]. Realmente, as vítimas do embargo são as pessoas mais simples de Cuba – os pobres, os idosos e os doentes. As medidas restritivas acrescentadas em proposta pela Comissão – limitando as visitas das famílias cubano-americanas e o valor de dinheiro a ser enviado a Cuba – servirão apenas para piorar a situação dentro do país”.
Enfim, dia 26 de maio o Comitê permanente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba publicou uma nota na qual se confirma a condenação do bloqueio, citando uma declaração do episcopado de 1969 na qual se afirmava: “Denunciamos esta injusta situação de bloqueio que contribui para aumentar sofrimentos não necessários e a tornar mais difícil a tentativa de desenvolvimento”. Na nota os bispos afirmam também: “Consideramos inaceitável que o futuro de Cuba seja desenhado em base [...] a intervenções concebidas por estrangeiros”.
Religião/1 Os neocons e os movimentos cristãos
No jornal La Repubblica de 14 de maio foi antecipada uma parte de um capítulo – dedicado à hegemonia cultural – do livro de Federico Rampini (Tutti gli uomini del presidente. George Bush e la nuova destra americana), que revê a gênese das relações entre os neoconservadores e os movimentos cristãos. Apresentamos a passagem na qual é analisado o pensamento do ideólogo dos neocons (neoconservadores), Daniel Bell: “Para o capitalismo garantir o seu desenvolvimento precisa de estabilidade social, não pode prosperar em uma selva na qual vigora a mentalidade de ‘cada um por si, todos contra todos’. Por isso, paradoxalmente, o capitalismo precisa da sobrevivência dos valores morais e civis de tipo pré-capitalista; tipicamente, estes valores são uma mistura de obediência à autoridade constituída, de altruísmo e dedicação ao bem comum, produtos da religião. Ao invocar uma batalha contra a secularização e a laicização da sociedade, ao recomendar a volta à prática religiosa como antídoto contra a decadência das democracias liberais ocidentais, Bell, a partir da década de 70, determina os fundamentos teóricos da aliança entre os neoconservadores e os novos movimentos cristãos que se tornará uma das características distintivas da América de hoje”.
Religião/2 “Também a Igreja Católica conta com seus neoconservadores”
São palavras de Sandro Magister, escritas em um artigo publicado em 20 de maio em www.chiesa.it, uma seção de aprofundamentos do site internet da revista L’Espresso on line. Segundo Magister: “Para eles é um momento de grande visibilidade. Alguns dias atrás, três deles chamaram a atenção em Roma e na Itália com importantes pronunciamentos. Os três são um bispo, um filósofo e um teólogo. Decretaram que a Europa está doente, foi atingida por uma doença mortal do espírito, perdeu o contato com a verdade e a realidade. E junto com o diagnóstico prescreveram a sua terapia”. Segundo o articulista, além dos três citados (respectivamente, o bispo de Bolonha, Carlo Caffarra, o presidente do Senado, Marcello Pera, e o prefeito da Congregação para a Fé, Joseph Ratzinger), fariam parte dessa corrente cultural também o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Camillo Ruini, o cardeal emérito de Bolonha, Giacomo Biffi, e o patriarca de Veneza, Angelo Scola. “O próximo papa, continua o jornalista do L’Espresso, “certamente fará parte desta equipe”. O artigo de Magister foi retomado e ampliado pela agência de notícias Il Velino e publicada no jornal Tempo de 24 de maio.
Religião/3 Asor Rosa: a nova ordem mundial irrigada por rios de sangue
No jornal Unità de 25 de maio, Alberto Asor Rosa repropôs uma passagem de um libro seu, Fuori dall’Occidente, publicado em 1992, na qual se lê: “A ‘nova ordem’ será tempestuosa e terrível. É completamente errado pensar que o Unum imperium, unus rex fundamenta um princípio de paz. A unicidade essencial do poder em escala mundial está destinada, ao contrário, a abalar os já frágeis equilíbrios mundiais. O mundo ficará cada vez mais separado e contraposto, substituindo aos princípios universais a defesa da identidade de cada um contra as de todos os outros. O Unum imperium, unus rex, fundamentado em uma invencível supremacia econômica e tecnológica, a qual constitui o moderno ‘princípio de autoridade’, será acompanhado por uma desagregação e separação cada vez mais acentuada de cada indivíduo, o marasmo generalizado, o caos natural, que emerge novamente da ‘harmonia’ puramente formal (e na realidade apenas constringente) imposta pelos mais poderosos. [...] Escorrerão rios de sangue, não haverá piedade para ninguém. A guerra... será o elemento de base, e contínuo pressuposto, da nova ordem”.
Oriente Médio/1 Lapid e o inútil massacre de Rafah
“O ministro da Justiça israelense, Yosef Tommy Lapid, criticou duramente a incessante destruição das casas ao sul de Gaza, solicitando a imediata interrupção da operação: “É desumano – disse aos seus colegas – não é judaico. O mundo nos observa e corremos o risco de sermos expulsos das Nações Unidas e levados diante do Tribunal de Haia”. Se não tivesse acrescentado que a imagem de uma idosa senhora palestina, que remexe entre os escombros na esperança de encontrar ao menos os seus remédios, recordava-lhe a imagem de sua avó, talvez a questão tivesse ficado limitada ao palácio do Conselho dos Ministros. Mas em Israel, todos sabem que a avó de Lapid morreu no campo de concentração de Auschwitz”. Assim o Corriere della Sera de 24 de maio apresentou o comentário do ministro Lapid sobre o sanguinário ataque militar israelense no campo de refugiados palestinos de Rafah, especificando que o ministro logo depois desmentira que suas palavras fossem alusivas ao holocausto.
Oriente Médio/2 A morte de crianças palestinas
“Cada condenação pela morte de crianças palestinas mesmo se pronunciadas pelos amigos de Israel, é logo taxada como uma expressão de anti-semitismo”. Esta frase de Zeev Sternhell, um dos mais prestigiosos intelectuais israelenses foi apresentada em um artigo publicado no La Repubblica de 20 de maio, com o título A chantagem de Sharon em um mundo distraído, no qual é criticada a política militar de Israel para com os palestinos.
Oriente Médio/3 O sacrifício humano filmado
Em um artigo de Vittorio Zucconi, publicado no La Repubblica de 12 de maio, é analisado o impacto emotivo do video-choque da decapitação do jovem judeu-americano Nick Berg. Apresentamos uma passagem: “As imagens do sacrifício humano de Nick Berg, culpado apenas de ser americano, assim como 90% dos prisioneiros de Guantánamo e de Abu Ghraib são culpados apenas de serem árabes, aparece diante dos olhos dos Estados Unidos que tinham começado, graças às fotos das torturas, e entender o preço que a exportação forçada da democracia exige à própria dignidade, no sinal bíblico do Bem contra o Mal”. A morte de Nick Berg será lida e vista pelos cruzados do ‘choque de civilizações’ como uma absolvição de todo pecado e como a autorização a prosseguir sem freios. Isso é o que querem os carnífices de Nick”.
Cúria/1 Vallini prefeito da Signatura Apostólica
No dia 27 de maio Agostino Vallini, até agora bispo da cidade de Albano, foi nomeado prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Assume o lugar do cardeal Mario Francesco Pompedda, que completou 75 anos em 18 de abril passado. Vallini, 64 anos, nascido nos arredores de Roma, foi ordenado sacerdote em 1964 na arquidiocese de Nápoles. Em 1989 tornou-se auxiliar de Nápoles e guiava a diocese de Albano desde1999. A igreja suburbicária de Albano tem como cardeal titular o Secretário de Estado do Vaticano Angelo Sodano, vice-decano do Colégio dos Cardeais.
Cúria/2 Legionário de Cristo chefe de departamento no Serviço Internet
No dia 22 de maio foi nomeado pela primeira vez um chefe de departamento para o Serviço Internet da Santa Sé, que pertence à Apsa, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica. Trata-se do padre Fernando Vergez Alzaga, dos Legionários de Cristo, 59 anos, espanhol de Salamanca, até agora ligado ao Pontifício Conselho para os Leigos. Padre Vergez é um grande apaixonado de informática, trabalha na Cúria Romana desde 1972 e por muitos anos foi secretário particular do falecido cardeal Eduardo Pironio.
Nomeações Itália: novos bispos em Adria-Rovigo e Belluno-Feltre
No dia 29 de maio foram nomeados dois novos bispos no Vêneto. Para a diocese de Adria-Rovigo foi eleito Lucio Soravito De Franceschi, originário da província de Udine, 65 anos em dezembro deste ano, sacerdote desde 1963. Era pároco da Catedral e vigário urbano de Udine desde 1999.
Para a diocese de Belluno-Feltre foi nomeado Giuseppe Andrich, 64 anos, de Canale d’Agordo, cidade natal de João Paulo I. Andrich, sacerdote desde 1965, era vigário geral da diocese desde 1998. Nesse caso tratou-se de uma nomeação em tempo recorde: remonta a 31 de março passado a prematura morte de Vincenzo Savio, bispo de Belluno-Feltre desde 2000.
Diplomacia/1 Assinada nova Concordata entre Santa Sé e Portugal
No dia 18 de maio foi assinada no Vaticano a nova Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa que regulamenta matérias de interesse comum entre a Igreja e o Estado. O ato foi assinado pelo cardeal secretário de Estado Angelo Sodano e pelo primeiro-ministro lusitano José Manuel Durão Barroso. A nova Concordata, que substitui a de 1940, entrará em vigor depois da troca dos instrumentos de ratificação.
Diplomacia/2 Novos núncios em Sri Lanka e Coréia
No dia 10 de maio o arcebispo italiano Mario Zenari, 58 anos, foi nomeado núncio no Sri Lanka. Sacerdote desde 1970, na diplomacia desde 1980, trabalhou nas nunciaturas do Senegal, Libéria, Colômbia, Alemanha, Romênia. Nomeado em 1994 observador permanente junto à Osce e à sede da Onu em Viena, desde 1999 era núncio na Costa do Marfim, Níger e Burkina Faso.
No dia 22 de maio o arcebispo suíço Emil Paul Tscherrig, 57 anos, foi nomeado núncio na Coréia. Ordenado sacerdote em 1974, entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1978, e prestou trabalho sucessivamente junto às representações pontifícias em Uganda, Coréia, Bangladesh e na Secretaria de Estado. Em 1996 foi nomeado arcebispo e núncio apostólico em Burundi. Desde 2000 era núncio em Trinidad e Tobago e em outros países das Antilhas.
Diplomacia/3 Novo embaixador da Ucrânia
No dia 7 de maio o novo embaixador da Ucrânia junto à Santa Sé apresentou as suas cartas credenciais. Trata-se de Grygorii Fokovych, 57 anos, formado em Filosofia, na diplomacia desde 1992, nos últimos quatro anos foi conselheiro da embaixada junto à Federação Russa em Moscou. O Papa, afirmou no seu discurso, entre outras coisas: “Hoje é enorme a responsabilidade da Ucrânia na compreensão, na salvaguarda e na promoção da sua herança cristã, característica distintiva do País, que nem sequer a funesta ditadura do comunismo conseguiu lesar profundamente”.
Uma curiosidade: o jornal L’Osservatore Romano deu a notícia da entrega das credenciais no dia 8 de maio com amplo espaço (duas páginas e título principal na capa) juntamente com uma outra cerimônia: a da entrega da residência dos arcebispos de Lviv dos Latinos por parte das autoridade ucranianas em 5 de maio na presença do substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo Leonardo Sandri.
Diplomacia/4 Novos embaixadores não residentes
No dia 27 de maio o Papa recebeu as cartas credenciais de sete novos embaixadores que, porém, não residirão na Urbe. Trata-se dos novos representantes de Suriname (Edgar Stephanus Ragoenath Amanh), Sri Lanka (Sarala Manourie Fernando), Mali (Mohamed Salia Sokona), Iêmen (Yahya Ali Mohamed Al-Abad), Zâmbia (Anderson Kaseba Chibwa), Nigéria (Kingsley Sunny Ebenyi) e Tunísia (Afif Hendaoui).
Mensagem ao cardeal Angelini na inauguração de um centro de assistência na Romênia
O cardeal Fiorenzo Angelini, presidente emérito do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde, presidiu as celebrações para a inauguração em Bacau, na Romênia, de um novo centro de assistência social e sanitária, realizado pela Congregação das Irmãs Beneditinas Reparadoras da Santa Face de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para a ocasião, João Paulo II enviou, no dia 13 de maio, uma mensagem ao cardeal romano na qual escreve: “É-me grato expressar, nesta circunstância, o meu profundo apreço por Vossa Eminência, Senhor Cardeal, à Superiora-Geral e às Irmãs Beneditinas Reparadoras da Santa Face de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como a quantos apoiaram e realizaram concretamente esta obra providencial. Ela coloca-se como ajuda significativa aos pobres, aos doentes e aos idosos, testemunhando de maneira concreta aquela “fantasia da caridade”, à qual convidei a Igreja na Carta apostólica Novo millennio ineunte (cf. n. 50)”.
A mensagem do Papa foi publicada na ed. italiana no L’Osservatore Romano de 24-25 de maio junto com uma detalhada descrição da inauguração assinada pelo padre Gianfranco Grieco, principal enviado do jornal da Santa Sé.
Colégio dos Cardeais/1 O cardeal Law arcipreste de Santa Maria Maior
No dia 27 de maio o cardeal Bernard Francis Law, 73 anos em novembro deste ano, foi nomeado arcipreste da Basílica Patriarcal de Santa Maria Maior em Roma. Law foi arcebispo de Boston de janeiro de 1984 a dezembro de 2002, quando se demitiu em conseqüência do escândalo dos padres acusados de pedofilia que envolveu a diocese. No mesmo dia da sua nomeação, segundo o Corriere della Sera (28 de maio), Law foi visitar a Basílica e disse: “Estou muito feliz, aqui é tudo muito bonito”.
Colégio dos Cardeais/2 A morte do cardeal Thiandoum
No dia 18 de maio faleceu o cardeal Hyacinthe Thiandoum, 83 anos, arcebispo de Dakar de 1962 a 2000, importante figura da Igreja africana. O cardeal fora nomeado por Paulo VI em 1976.
Os funerais foram celebrados no dia 27 de maio na Catedral da capital senegalesa pelo cardeal Bernardin Gantin, decano emérito do Colégio dos Cardeais. A homilia realizada no rito fúnebre, ao qual participaram mais de 30 mil pessoas, foi publicada integralmente no L’Osservatore Romano de 29 de maio com um significativo título: Fidelidade a Deus, à Igreja e à África. Espírito missionário e espírito evangélico de uma presença luminosa para o Continente. (Ao contrário, quando alguns meses atrás o cardeal decano Joseph Ratzinger celebrou a missa fúnebre de um outro grande cardeal, Franz König, o jornal do Vaticano não dedicou espaço ao acontecimento).
Com o falecimento de Thiandoum o Colégio cardinalício resulta composto por 190 cardeais, dos quais 125 eleitores. Os senadores do papa criados por Paulo VI agora são 16, dos quais 4 votantes.
Colégio dos Cardeais/3 Stafford: Falência moral dos Estados Unidos
O cardeal norte-americano James Francis Stafford, 72 anos, acusou a administração Bush de “falência moral” pela guerra no Iraque e sublinhou que a guerra comprometeu gravemente as relações com o mundo árabe.
Em uma entrevista à revista mensal Inside the Vatican, Stafford - que desde outubro do ano passado é penitenciário-mor – também releva que as torturas contra os detentos iraquianos foram uma “barbárie”. Segundo o cardeal, a “falência moral” da administração dos Estados Unidos no Iraque deriva do fato de que não foram encontradas provas da existência de armas de destruição de massa, e isso enquanto “presidente, vice-presidente e secretário da Defesa diziam que havia perigo imediato para a paz da sociedade americana, por causa dessas armas ligadas a Al Qaeda. “Por que diziam isso”, pergunta-se, “se não havia provas concretas?”.
Além disso, o cardeal teme que o caso das torturas tenha “conseqüências a longo prazo nas relações com os árabes e os muçulmanos”: “os muçulmanos”, observa, “estão ultrajados e verdadeiramente abalados, pois estamos impondo-lhes as mesmas coisas das quais queríamos libertá-los”.
Havana Washington agrava o bloqueio. Reações do Embaixador junto à Santa Sé, dos Episcopados dos EUA e de Cuba
O presidente americano George W. Bush anunciou no dia 6 de maio que haverá maior rigor no embargo contra Cuba para acelerar “a libertação da tirania do povo cubano”. Bush aprovou as recomendações de uma Comissão encarregada por ele para propor medidas destinadas a acabar com a “ditadura comunista”.
Este anúncio suscitou críticas do governo de Havana, dos episcopados americano e cubano.
No dia 20 de maio Isidro Gomez Santos, embaixador de Cuba junto à Santa Sé, convocou uma entrevista coletiva para denunciar “a gravidade das medidas anunciadas pelos Estados Unidos que incidem de modo especial nas famílias cubanas e nos direitos humanos da população de Cuba”.
Em 21 de maio a Conferência Episcopal dos EUA apresentou a carta do seu presidente, o bispo Wilton Daniel Gregory, a George Bush, na qual se repete que “junto com o Papa João Paulo II e os bispos cubanos, consideramos o embargo econômico moralmente inaceitável e politicamente contraproducente [...]. Realmente, as vítimas do embargo são as pessoas mais simples de Cuba – os pobres, os idosos e os doentes. As medidas restritivas acrescentadas em proposta pela Comissão – limitando as visitas das famílias cubano-americanas e o valor de dinheiro a ser enviado a Cuba – servirão apenas para piorar a situação dentro do país”.
Enfim, dia 26 de maio o Comitê permanente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba publicou uma nota na qual se confirma a condenação do bloqueio, citando uma declaração do episcopado de 1969 na qual se afirmava: “Denunciamos esta injusta situação de bloqueio que contribui para aumentar sofrimentos não necessários e a tornar mais difícil a tentativa de desenvolvimento”. Na nota os bispos afirmam também: “Consideramos inaceitável que o futuro de Cuba seja desenhado em base [...] a intervenções concebidas por estrangeiros”.
Religião/1 Os neocons e os movimentos cristãos
No jornal La Repubblica de 14 de maio foi antecipada uma parte de um capítulo – dedicado à hegemonia cultural – do livro de Federico Rampini (Tutti gli uomini del presidente. George Bush e la nuova destra americana), que revê a gênese das relações entre os neoconservadores e os movimentos cristãos. Apresentamos a passagem na qual é analisado o pensamento do ideólogo dos neocons (neoconservadores), Daniel Bell: “Para o capitalismo garantir o seu desenvolvimento precisa de estabilidade social, não pode prosperar em uma selva na qual vigora a mentalidade de ‘cada um por si, todos contra todos’. Por isso, paradoxalmente, o capitalismo precisa da sobrevivência dos valores morais e civis de tipo pré-capitalista; tipicamente, estes valores são uma mistura de obediência à autoridade constituída, de altruísmo e dedicação ao bem comum, produtos da religião. Ao invocar uma batalha contra a secularização e a laicização da sociedade, ao recomendar a volta à prática religiosa como antídoto contra a decadência das democracias liberais ocidentais, Bell, a partir da década de 70, determina os fundamentos teóricos da aliança entre os neoconservadores e os novos movimentos cristãos que se tornará uma das características distintivas da América de hoje”.
Religião/2 “Também a Igreja Católica conta com seus neoconservadores”
São palavras de Sandro Magister, escritas em um artigo publicado em 20 de maio em www.chiesa.it, uma seção de aprofundamentos do site internet da revista L’Espresso on line. Segundo Magister: “Para eles é um momento de grande visibilidade. Alguns dias atrás, três deles chamaram a atenção em Roma e na Itália com importantes pronunciamentos. Os três são um bispo, um filósofo e um teólogo. Decretaram que a Europa está doente, foi atingida por uma doença mortal do espírito, perdeu o contato com a verdade e a realidade. E junto com o diagnóstico prescreveram a sua terapia”. Segundo o articulista, além dos três citados (respectivamente, o bispo de Bolonha, Carlo Caffarra, o presidente do Senado, Marcello Pera, e o prefeito da Congregação para a Fé, Joseph Ratzinger), fariam parte dessa corrente cultural também o presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Camillo Ruini, o cardeal emérito de Bolonha, Giacomo Biffi, e o patriarca de Veneza, Angelo Scola. “O próximo papa, continua o jornalista do L’Espresso, “certamente fará parte desta equipe”. O artigo de Magister foi retomado e ampliado pela agência de notícias Il Velino e publicada no jornal Tempo de 24 de maio.
Religião/3 Asor Rosa: a nova ordem mundial irrigada por rios de sangue
No jornal Unità de 25 de maio, Alberto Asor Rosa repropôs uma passagem de um libro seu, Fuori dall’Occidente, publicado em 1992, na qual se lê: “A ‘nova ordem’ será tempestuosa e terrível. É completamente errado pensar que o Unum imperium, unus rex fundamenta um princípio de paz. A unicidade essencial do poder em escala mundial está destinada, ao contrário, a abalar os já frágeis equilíbrios mundiais. O mundo ficará cada vez mais separado e contraposto, substituindo aos princípios universais a defesa da identidade de cada um contra as de todos os outros. O Unum imperium, unus rex, fundamentado em uma invencível supremacia econômica e tecnológica, a qual constitui o moderno ‘princípio de autoridade’, será acompanhado por uma desagregação e separação cada vez mais acentuada de cada indivíduo, o marasmo generalizado, o caos natural, que emerge novamente da ‘harmonia’ puramente formal (e na realidade apenas constringente) imposta pelos mais poderosos. [...] Escorrerão rios de sangue, não haverá piedade para ninguém. A guerra... será o elemento de base, e contínuo pressuposto, da nova ordem”.
Oriente Médio/1 Lapid e o inútil massacre de Rafah
“O ministro da Justiça israelense, Yosef Tommy Lapid, criticou duramente a incessante destruição das casas ao sul de Gaza, solicitando a imediata interrupção da operação: “É desumano – disse aos seus colegas – não é judaico. O mundo nos observa e corremos o risco de sermos expulsos das Nações Unidas e levados diante do Tribunal de Haia”. Se não tivesse acrescentado que a imagem de uma idosa senhora palestina, que remexe entre os escombros na esperança de encontrar ao menos os seus remédios, recordava-lhe a imagem de sua avó, talvez a questão tivesse ficado limitada ao palácio do Conselho dos Ministros. Mas em Israel, todos sabem que a avó de Lapid morreu no campo de concentração de Auschwitz”. Assim o Corriere della Sera de 24 de maio apresentou o comentário do ministro Lapid sobre o sanguinário ataque militar israelense no campo de refugiados palestinos de Rafah, especificando que o ministro logo depois desmentira que suas palavras fossem alusivas ao holocausto.
Oriente Médio/2 A morte de crianças palestinas
“Cada condenação pela morte de crianças palestinas mesmo se pronunciadas pelos amigos de Israel, é logo taxada como uma expressão de anti-semitismo”. Esta frase de Zeev Sternhell, um dos mais prestigiosos intelectuais israelenses foi apresentada em um artigo publicado no La Repubblica de 20 de maio, com o título A chantagem de Sharon em um mundo distraído, no qual é criticada a política militar de Israel para com os palestinos.
Oriente Médio/3 O sacrifício humano filmado
Em um artigo de Vittorio Zucconi, publicado no La Repubblica de 12 de maio, é analisado o impacto emotivo do video-choque da decapitação do jovem judeu-americano Nick Berg. Apresentamos uma passagem: “As imagens do sacrifício humano de Nick Berg, culpado apenas de ser americano, assim como 90% dos prisioneiros de Guantánamo e de Abu Ghraib são culpados apenas de serem árabes, aparece diante dos olhos dos Estados Unidos que tinham começado, graças às fotos das torturas, e entender o preço que a exportação forçada da democracia exige à própria dignidade, no sinal bíblico do Bem contra o Mal”. A morte de Nick Berg será lida e vista pelos cruzados do ‘choque de civilizações’ como uma absolvição de todo pecado e como a autorização a prosseguir sem freios. Isso é o que querem os carnífices de Nick”.
Cúria/1 Vallini prefeito da Signatura Apostólica
No dia 27 de maio Agostino Vallini, até agora bispo da cidade de Albano, foi nomeado prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Assume o lugar do cardeal Mario Francesco Pompedda, que completou 75 anos em 18 de abril passado. Vallini, 64 anos, nascido nos arredores de Roma, foi ordenado sacerdote em 1964 na arquidiocese de Nápoles. Em 1989 tornou-se auxiliar de Nápoles e guiava a diocese de Albano desde1999. A igreja suburbicária de Albano tem como cardeal titular o Secretário de Estado do Vaticano Angelo Sodano, vice-decano do Colégio dos Cardeais.
Cúria/2 Legionário de Cristo chefe de departamento no Serviço Internet
No dia 22 de maio foi nomeado pela primeira vez um chefe de departamento para o Serviço Internet da Santa Sé, que pertence à Apsa, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica. Trata-se do padre Fernando Vergez Alzaga, dos Legionários de Cristo, 59 anos, espanhol de Salamanca, até agora ligado ao Pontifício Conselho para os Leigos. Padre Vergez é um grande apaixonado de informática, trabalha na Cúria Romana desde 1972 e por muitos anos foi secretário particular do falecido cardeal Eduardo Pironio.
Nomeações Itália: novos bispos em Adria-Rovigo e Belluno-Feltre
No dia 29 de maio foram nomeados dois novos bispos no Vêneto. Para a diocese de Adria-Rovigo foi eleito Lucio Soravito De Franceschi, originário da província de Udine, 65 anos em dezembro deste ano, sacerdote desde 1963. Era pároco da Catedral e vigário urbano de Udine desde 1999.
Para a diocese de Belluno-Feltre foi nomeado Giuseppe Andrich, 64 anos, de Canale d’Agordo, cidade natal de João Paulo I. Andrich, sacerdote desde 1965, era vigário geral da diocese desde 1998. Nesse caso tratou-se de uma nomeação em tempo recorde: remonta a 31 de março passado a prematura morte de Vincenzo Savio, bispo de Belluno-Feltre desde 2000.
Diplomacia/1 Assinada nova Concordata entre Santa Sé e Portugal
No dia 18 de maio foi assinada no Vaticano a nova Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa que regulamenta matérias de interesse comum entre a Igreja e o Estado. O ato foi assinado pelo cardeal secretário de Estado Angelo Sodano e pelo primeiro-ministro lusitano José Manuel Durão Barroso. A nova Concordata, que substitui a de 1940, entrará em vigor depois da troca dos instrumentos de ratificação.
Diplomacia/2 Novos núncios em Sri Lanka e Coréia
No dia 10 de maio o arcebispo italiano Mario Zenari, 58 anos, foi nomeado núncio no Sri Lanka. Sacerdote desde 1970, na diplomacia desde 1980, trabalhou nas nunciaturas do Senegal, Libéria, Colômbia, Alemanha, Romênia. Nomeado em 1994 observador permanente junto à Osce e à sede da Onu em Viena, desde 1999 era núncio na Costa do Marfim, Níger e Burkina Faso.
No dia 22 de maio o arcebispo suíço Emil Paul Tscherrig, 57 anos, foi nomeado núncio na Coréia. Ordenado sacerdote em 1974, entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1978, e prestou trabalho sucessivamente junto às representações pontifícias em Uganda, Coréia, Bangladesh e na Secretaria de Estado. Em 1996 foi nomeado arcebispo e núncio apostólico em Burundi. Desde 2000 era núncio em Trinidad e Tobago e em outros países das Antilhas.
Diplomacia/3 Novo embaixador da Ucrânia
No dia 7 de maio o novo embaixador da Ucrânia junto à Santa Sé apresentou as suas cartas credenciais. Trata-se de Grygorii Fokovych, 57 anos, formado em Filosofia, na diplomacia desde 1992, nos últimos quatro anos foi conselheiro da embaixada junto à Federação Russa em Moscou. O Papa, afirmou no seu discurso, entre outras coisas: “Hoje é enorme a responsabilidade da Ucrânia na compreensão, na salvaguarda e na promoção da sua herança cristã, característica distintiva do País, que nem sequer a funesta ditadura do comunismo conseguiu lesar profundamente”.
Uma curiosidade: o jornal L’Osservatore Romano deu a notícia da entrega das credenciais no dia 8 de maio com amplo espaço (duas páginas e título principal na capa) juntamente com uma outra cerimônia: a da entrega da residência dos arcebispos de Lviv dos Latinos por parte das autoridade ucranianas em 5 de maio na presença do substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo Leonardo Sandri.
Diplomacia/4 Novos embaixadores não residentes
No dia 27 de maio o Papa recebeu as cartas credenciais de sete novos embaixadores que, porém, não residirão na Urbe. Trata-se dos novos representantes de Suriname (Edgar Stephanus Ragoenath Amanh), Sri Lanka (Sarala Manourie Fernando), Mali (Mohamed Salia Sokona), Iêmen (Yahya Ali Mohamed Al-Abad), Zâmbia (Anderson Kaseba Chibwa), Nigéria (Kingsley Sunny Ebenyi) e Tunísia (Afif Hendaoui).