Rubriche
Extraído do número10 - 2003


COLÉGIO DOS CARDEAIS

Anunciado o consistório para o dia 21 de outubro


Apesar do apagão que atingiu toda a Itália e também a Cidade do Vaticano, e apesar da dificuldade de falar, João Paulo II anunciou no Angelus de 28 de setembro o seu IX consistório, que será realizado em 21 de outubro.
Este novo consistório era previsto para fevereiro de 2004, mas, parece, a decisão de antecipá-lo foi tomada logo depois da viagem que o Pontífice fez à Eslováquia e depois de ulteriores problemas de saúde que impediram o Papa de participar da audiência geral de 24 de setembro.
O Papa anunciou a criação de 31 novos cardeais, e um deles não teve seu nome revelado, reservando-o in pectore. Os prelados da Cúria Romana são sete (causou surpresa a ausência entre eles do arcebispo Luigi De Magistris, 77 anos, pró-penitenciário-mor; assim como a do arcebispo inglês Michael Louis Fitzgerald, 66 anos, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso). Os pastores das Igrejas locais são 19. Enfim quatro são eclesiásticos com mais de 80 anos.
Eis a lista dos cardeais designados, segundo a ordem dada pela Sala de Imprensa vaticana.
Jean-Louis Tauran , 60 anos, francês, “Ministro do Exterior” vaticano desde 1990, depois desta nomeação deverá assumir um novo cargo.
Renato Raffaele Martino, 71 anos, de Salerno, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz desde o ano passado, depois de ter sido por 16 anos observador permanente da Santa Sé na ONU.
Francesco Marchisano, 74 anos, de Piemonte, arcipreste da Basílica vaticana e desde 1994 também “Ministro dos Bens Culturais” do Vaticano.
Julián Herranz, do clero do Opus Dei, 73 anos, espanhol, desde 1994 presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos; é o segundo cardeal do Opus Dei, depois do arcebispo de Lima, Juan Luis Cipriani Thorne.
Javier Lozano Barragán, 70 anos, mexicano, desde 1996 presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde.
Stephen Fumio Hamao, 73 anos, japonês, presidente do Pontifício Conselho para os Migrantes desde 1998, depois de ter sido por 19 anos bispo de Yokohama. Alguns anos atrás assinou um apelo, lançado por alguns bispos de orientação progressista, a favor de um terceiro Concílio Vaticano.
Attilio Nicora, 66 anos, de Varese, presidente da Apsa desde o ano passado depois de ter sido auxiliar de Milão, bispo de Verona e delegado da presidência da CEI para as questões jurídicas.
Angelo Scola, 62 anos, da Lombardia, patriarca de Veneza desde janeiro de 2002 depois de ter sido bispo de Grosseto e reitor da Pontifícia Universidade Lateranense.
Anthony Olubunmi Okogie, 67 anos, desde 1973 arcebispo de Lagos, na Nigéria.
Bernard Panafieu, 72 anos, desde 1995 arcebispo de Marselha, na França, depois de ter sido por 16 anos bispos de Aix.
Gabriel Zubeir Wako, 62 anos, desde 1981 arcebispo de Cartum, no Sudão.
Carlos Amigo Vallejo, franciscano, 69 anos, desde 1982 arcebispo de Sevilha, na Espanha, depois de ter sido por nove anos bispo de Tânger.
Justin Francis Rigali, 68 anos, de origem italiana por parte de pai, bispo da Filadélfia há poucos meses, depois de ter sido por nove anos arcebispo de Saint Louis e antes secretário da Congregação para os Bispos.
Keith Michael Patrick O’Brien, 65 anos, desde 1985 arcebispo de Saint Andrews e Edimburgo, presidente da Conferência Episcopal da Escócia. É conhecido pelas suas posições a favor da abolição do celibato obrigatório para o clero latino.
Eusébio Oscar Scheid, dehoniano, 71 anos, desde 2001 arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, depois de ter sido por dez anos arcebispo de Florianópolis.
Ennio Antonelli, 67 anos, da Úmbria, desde 2001 arcebispo de Florença, depois de ter sido por mais de cinco anos secretário-geral da CEI.
Tarcisio Bertone, salesiano, 69 anos, do Piemonte, arcebispo de Gênova desde o ano passado depois de ter sido por sete anos secretário da Congregação para a Doutrina da Fé.
Peter Kodwo Appiah Turkson, 55 anos, desde 1992 arcebispo de Cape Coast, presidente da Conferência Episcopal de Gana.
Telesphore Placidus Toppo, 64 anos, desde 1985 arcebispo de Ranchi, presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (Ccbi).
George Pell, 62 anos, desde 2001 arcebispo de Sydney na Austrália, depois de ter sido por cinco anos arcebispo de Melbourne.
Josip Bozanic, 54 anos, desde 1997 arcebispo de Zagreb, presidente da Conferência Episcopal da Croácia.
Jean-Baptiste Pham Minh Mân, 69 anos, desde 1998 arcebispo de Hochimim Ville. Inicialmente a sua nomeação foi criticada e depois avaliada positivamente pelo regime vietnamita.
Rodolfo Quezada Toruño, 71 anos, desde 2001 arcebispo da Cidade da Guatemala e presidente da Conferência Episcopal da Guatemala.
Philippe Barbarin, 53 anos, desde 2002 arcebispo de Lyon na França, depois de ter sido por quatro anos bispo de Moulins e antes missionário em Madagascar.
Péter Erdö, 51 anos arcebispo de Esztergom-Budapeste na Hungria desde o final de 2002; recebendo o barrete cardinalício torna-se o mais jovem purpurado do Colégio dos Cardeais.
Marc Ouellet, sulpiciano, 59 anos, arcebispo de Quebec no Canadá desde o final do ano passado depois de ter sido por 20 meses secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
George Marie Martin Cottier, dominicano, 81 anos, suíço, desde 1989 teólogo da Casa Pontifícia. Gustaaf Joos, 80 anos, cônego do capítulo da basílica de Gand, colega de estudos de Karol Wojtyla, quando entre 1946 e 1948, como jovem sacerdote, hospedou-se no Pontifício Colégio belga.
Tomas Spidlik, jesuíta, 83 anos, da República Tcheca, especialista em teologia espiritual do Oriente cristão.
Stanislas Nagy, dehoniano, 82 anos, polonês, amigo pessoal do Papa com o qual se encontra muitas vezes, especialmente durante as férias de verão em Castel Gandolfo.





Cardeais/1
Martini: "Que cada povo olhe para a dor do outro. E a paz estará mais próxima"

"É uma palavra mais profunda e radical, que mora no coração de cada homem e mulher deste mundo: não construas ídolos! Essa palavra ressoa na Bíblia desde as primeiras palavras do Decálogo e percorre toda ela, do Gênesis ao Apocalipse.
Portanto, é um mandamento que toca profundamente o coração dos judeus e cristãos e marca um princípio irrenunciável de vida e de ação. E é um mandamento também muito caro ao islã que faz dele uma das colunas da sua concepção religiosa: há um só Deus, poderoso e misericordioso e nada é comparável a ele. [...]
Mas não há apenas os ídolos visíveis. Mais radicados e poderosos, difíceis de eliminar, são os ídolos invisíveis, os que permanecem mesmo quando não há mais nenhuma referência religiosa. Entre esses há os ídolos da violência, da vingança, do poder (político, militar, econômico...) percebido como um recurso definitivo e último. O ídolo do querer conquistar tudo a qualquer preço, do não querer ceder em nada, do não aceitar nenhuma daquelas soluções em que cada um esteja disposto a perder alguma coisa em vista de um bem geral. Esses ídolos, mesmo apresentando-se com as vestes respeitáveis da justiça e do direito, na realidade são sedentos de sangue humano. [...]
Ao invés da construção de um muro de pedra e de cimento para dividir as partes contrastantes é preferível uma ponte de homens que além de garantir a segurança de ambas as partes, permita às duas comunidades de se comunicarem e de se entenderam cada vez mais sobre as coisas essenciais e as cotidianas.
Com certeza o ódio que se acumulou é grande e pesa sobre os corações. Há pessoas que se nutrem dele como de um veneno, que enquanto mantém em vida ao mesmo tempo mata. Para superar o ídolo do ódio e da violência é muito importante aprender a olhar para a dor do outro".
Trecho de um artigo do cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, publicado na primeira página do Corriere della Sera de 27 de agosto com o título Que cada povo olhe para a dor do outro. E a paz estará mais próxima.


Cardeais/2
No caminho do cardeal Tettamanzi: mais sacramentos, menos política

No dia 8 de setembro o arcebispo de Milão, Dionigi Tettamanzi, apresentou o plano pastoral trienal da sua diocese. Trata-se de um texto com cerca de 240 páginas, intitulado Sereis testemunha — A face missionária da Igreja de Milão, que foi amplamente comentado positivamente pela imprensa (até mesmo a La Padania, [jornal de extrema direita, ndr] de 14-15 de setembro publicou uma página de elogios ao documento).
É particularmente interessante o comentário publicado no Corriere della Sera, escrito por Alberto Melloni, intitulado: O caminho de Tettamanzi: mais sacramentos, menos política. No artigo, entre outras coisas escreve: "Contra a desagregação do tecido de comunhão, com efeito, o cardeal de Milão não propõe a redescoberta do papel cultural dos católicos ou de sua visibilidade política, mas fala do simples dado de fé: ao invés de interlocuções com o Parlamento o arcebispo fala de sacramentos. [...] O caso da crisma é o mais evidente: já há algum tempo a crisma foi adiantada para mais tarde, bem depois da comunhão. Uma pequena "chantagem" para manter os jovens à sombra da paróquia alguns meses a mais. Tudo inútil [...] a própria Igreja, por outro lado, retoma o assunto sobre si mesma e sobre a sua presença a partir dos sacramentos que ela custodia e pelos quais é custodiada".


Cardeais/3
Aceitas as demissões do cardeal Sin

No dia 15 de setembro foram aceitas as demissões do cardeal Jaime Sin do cargo de arcebispo de Manila. O purpurado completou 75 anos em 31 de agosto e há muito tempo tem sérios problemas de saúde. Sin guiava a diocese da capital filipina desde 1974, ano em que foi criado cardeal. Para substituí-lo foi nomeado Gaudencio B. Rosales, 71 anos, que de 1974 a 1982 foi auxiliar do cardeal Sin para depois se tornar coadjutor de Malaybalay, bispo da mesma diocese dois anos depois, e arcebispo de Lipa no final de 1992.

Cardeais/4
Morrem os cardeais Ursi e Otunga

Em 29 de agosto faleceu o cardeal Corrado Ursi, que completara 95 anos em 26 de julho passado, foi arcebispo de Nápoles de 1966 a 1987. Era o único cardeal ainda vivo, colega de consistório de Karol Wojtyla, ambos foram nomeados em 26 de junho de 1967.
No dia 6 de setembro faleceu o cardeal Maurice Michael Otunga, 80 anos, arcebispo de Nairobi de 1971 a 1997.
Portanto nessa data o Colégio Cardinalício contava com 164 cardeais, dos quais 109 eleitores. Com o consistório de 21 de outubro, os purpurados serão 194, dos quais 135 "votantes".

Cúria/1
Stafford penitenciário, Rylko presidente dos Leigos, Robles Díaz vice na CAL

No dia 4 de outubro foram anunciadas três nomeações na Cúria Romana. O cardeal James Francis Stafford, norte-americano, 71 anos, desde 1996 presidente do Pontifício Conselho para os Leigos foi nomeado penitenciário-mor, substituindo Luigi De Magistris, 77 anos, pró-penitenciário desde novembro de 2001.
Para guiar o dicastério dos leigos foi chamado o polonês Stanislaw Rylko, 58 anos, que desde 1996 era secretário do mesmo Pontifício Conselho.
O arcebispo mexicano Luis Robles Díaz foi nomeado vice-presidente do Pontifício Conselho para a América Latina, assumindo o lugar do espanhol Cipriano Calderón Polo, 76 anos, que estava no cargo de 1989. Robles Díaz, 65 anos, sacerdote desde 1963, entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1967. Depois de ter prestado serviços nas representações pontifícias de Honduras, África do Sul, Etiópia, Sri Lanka, Equador, Colômbia, em 1985 foi promovido a arcebispo e pronúncio no Sudão. Em 1990 foi transferido como pronúncio em Uganda e desde 1999 era núncio em Cuba.


Cúria/2
Lajolo, núncio na Alemanha, novo "Ministro do Exterior" vaticano

No dia 7 de outubro o arcebispo Giovanni Lajolo foi nomeado secretário da Seção das Relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano. O novo "Ministro do Exterior" assume o lugar do cardeal designado Jean-Louis Tauran. Lajolo, italiano de Novara, 68 anos, é sacerdote desde 1960 e entrou na diplomacia pontifícia em 1970. Trabalhou na nunciatura na Alemanha e depois na Secretaria de Estado até que, em 1988, foi promovido a arcebispo e nomeado secretário da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa). Desde 1995 era núncio na Alemanha. Além do italiano, fala inglês, francês e alemão.

Cúria/3
Sorrentino secretário no dicastério do Culto

No dia 2 de agosto foi nomeado o novo secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Trata-se do italiano Domenico Sorrentino, até agora bispo-prelado de Pompéia, que assume o lugar de um outro italiano, o beneditino Francesco Pio Tamburrino, transferido à guia da arquidiocese de Foggia-Bovino. Sorrentino, 55 anos, originário da diocese de Nola (Nápoles), é sacerdote desde 1972. Estudou na Pontifícia Universidade Gregoriana onde obteve o doutorado em Teologia. Também é formado em Ciências Políticas na Universidade de Roma La Sapienza. Depois de ter colaborado por 9 anos com a Secretaria de Estado, onde ajudava o arcebispo Paolo Sardi, ghost-writer_do Papa, desde 2001 era o bispo-prelado de Pompéia. Também é o postulante da causa de beatificação de Giuseppe Toniolo (1845-1918). Uma curiosidade: com a nomeação de Sorrentino nenhum dos três eclesiásticos que guiam o dicastério vaticano dedicado à liturgia é um "liturgista". Tanto o prefeito, o cardeal Francis Arinze, como o novo secretário, e o subsecretário, dom Mario Marini, contam com estudos teológicos, mas nenhum dos três especializou-se em liturgia. Loïc Merian, presidente do Ciel (Centre international d’études liturgiques), escreveu na revista francesa La Nef de outubro: "A decisão da Santa Sé de nomear para a cúpula desta Congregação teólogos e não liturgistas é significativa [...] Algumas vezes o bom senso popular afirma que a liturgia é uma coisa séria demais para ser confiada apenas aos liturgistas... Parece que este bom senso é compartilhado em Roma".


Nomeações/1
Tamburrino arcebispo em Foggia, Russotto bispo em Caltanissetta, Nosiglia em Vicenza

No dia 2 de agosto o beneditino Francesco Pio Tamburrino foi nomeado arcebispo de Foggia-Bovino. O prelado, nascido em Potenza, 64 anos, sacerdote desde 1965, há quatro anos era secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Antes fora abade ordinário de Montevergine (1989-1998) e bispo de Teggiano-Policastro (1998-1999).
Também no dia 2 de agosto dom Mario Russotto, 51 anos, de Ragusa, foi nomeado bispo de Caltanissetta. Sacerdote desde 1981, desde o ano passado era secretário-adjunto da Conferência Episcopal da Sicília no setor pastoral.
Em 6 de outubro o arcebispo Cesare Nosiglia, nascido em Rossiglione (pertencente a Gênova e diocese de Acqui), desde 1996 vice-gerente da diocese de Roma, foi nomeado bispo-arcebispo de Vicenza. Nosiglia, que completou 59 anos um dia antes desta nomeação, é sacerdote desde 1968 e de 1971 a 1991 trabalhou na CEI como adjunto, depois foi vice-diretor e diretor do Departamento Catequético Nacional. Desde 1991 é auxiliar da diocese do Papa.


Nomeações/2
Nomeado depois de 11 anos o bispo de Hung Hoá no Vietnã

No dia 5 de agosto Antoine Vu Huy Chuong, 59 anos, sacerdote desde 1971, foi nomeado bispo de Hung Hoá, no norte do Vietnã, diocese vacante desde 1992.


Nomeações/3
Nomeado na Palestina bispo para os fiéis de expressão judaica

No dia 14 de agosto padre Jean-Baptiste Gourion, beneditino olivetano, foi nomeado auxiliar do patriarca latino de Jerusalém, encarregado dos cuidados pastorais dos fiéis católicos de expressão judaica existentes no território do mesmo patriarcado. Gourion, 69 anos, de origem judaica, fez-se batizar em 1958 aos 24 anos e foi ordenado sacerdote em 1967. Guia a comunidade monástica de Abu-Gosh (Israel).


História da Igreja/1
Pio XI queria encontrar Hitler

O fascículo da Civiltà Cattolica de 4 de outubro publicou um artigo do padre Giovanni Sale sobre A não realizada visita de Hitler ao Vaticano. No artigo, graças também a documentação inédita, comprovam-se as tentativas feitas pela Santa Sé para que o chanceler Adolf Hitler, durante a sua única visita a Roma, de 3 a 9 de maio de 1938, solicitasse uma audiência a Pio XI. Pedido que, porém, não foi feito pela vontade do chefe nazista de "levar até o fim a sua luta contra a Igreja e contra o cristianismo".


História da Igreja/2
Pio XII e a acolhida aos judeus em 1943-1944

A recém-formada formada Coordenação dos Historiadores Religiosos, CSR, que reúne numerosos historiadores pertencentes a institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica, realizou em Roma no dia 24 de setembro um interessante seminário sobre a acolhida aos judeus nos institutos religiosos de Roma, nos anos 1943 e 1944, confirmando entre outras coisas o papel positivo do Papa Pio XII. A pesquisa historiográfica contou com a participação de mais ou menos vinte institutos que colaboraram com informações e testemunhos. Durante o seminário foram apresentados três documentos publicados na época pela Santa Sé, vindos do arquivo do Marianum: uma declaração de 28 de setembro de 1943, com a qual o secretário-geral da Propaganda Fide coloca sob proteção o Collegio Sant’Alessio Falconieri dei Servi di Maria certificando a dependência deste da Congregação; uma carta de 28 de outubro de 1943, com a qual a Secretaria de Estado transmite o manifesto lançado pelo comandante alemão de Roma salvaguardando as casas religiosas e outros imóveis pertencentes à Santa Sé; a declaração do Governo da Cidade do Vaticano de 25 de setembro de 1943 e assinada também pelo comandante alemão de Roma, que por ordem do Secretário de Estado atesta a dependência da casa religiosa (Procura dei Servi di Maria) da Sagrada Congregação dos Religiosos. A convalidação em alemão diz: "As declarações acima são confirmadas, é severamente proibida a entrada aos membros da Wehrmacht".


Documentos/1
Considerações sobre o reconhecimento legal dos casais homossexuais

No dia 31 de julho foram publicadas as Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais_ Trata-se de um documento da Congregação para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa em 28 de março, e assinado pelo cardeal Joseph Ratzinger e pelo arcebispo-secretário Angelo Amato em 3 de junho. O documento é uma grave advertência da Santa Sé contra qualquer hipótese de "reconhecimento legal" dos casais homossexuais e dos seus "direitos" a partir desse passo à adoção. No documento é confirmado que o parlamentar católico que der seu voto a providências favoráveis a esses direitos comete "um ato gravemente imoral".


Documentos/2
Normas contra os abusos litúrgicos

No final de setembro a revista Jesus e a editora Adista apresentaram alguns trechos do esboço de uma instrução conjunta das Congregações para a Doutrina da Fé e para o Culto Divino contra os abusos na celebração da eucaristia. Trata-se de um documento, "com conotações também de caráter jurídico", expressamente previsto pela última encíclica assinada pelo Papa em 17 de abril, Ecclesia de eucharistia.
Todavia, o esboço publicado são dos primeiros dias de junho passado. Depois disso, em 27 de junho, foi realizada uma assembléia ordinária conjunta dos dois dicastérios no qual esse esboço foi discutido. Na ocasião a grande maioria dos cerca de 50 cardeais e bispos membros dos dois dicastérios votaram a favor do documento em questão, mesmo que por parte de alguns não tenham faltado propostas de emendas para melhorar. As apreciações radicalmente negativas podiam-se contar nos dedos de uma mão.
Atualmente uma comissão mista das duas Congregações está trabalhando em um novo esboço que será analisado no final de outubro em uma ulterior reunião ordinária conjunta, que deveria licenciar um texto definitivo para ser submetido à aprovação do Papa. A instrução em questão, a não ser que surjam problemas, poderia ser apresentada no próximo Natal.
A agência Adista, maliciosamente notou que o texto publicado, mesmo sendo "estritamente reservado" chegou à própria agência "e a outros órgãos de imprensa [...] esperando que assim naufragasse já dentro das salas vaticanas uma operação do tipo lefebvriano, organizada aproveitando o crepúsculo do atual pontificado".


Diplomacia/1
Anulada assinatura do acordo Geórgia-Santa Sé

"Fiquei muito surpreso, principalmente pela violência da campanha conduzida pela Igreja Ortodoxa da Geórgia, que difundiu notícias falsas. Por exemplo, foi-me dito que um bispo ortodoxo teria publicado uma notícia segundo a qual este acordo seria inaceitável porque conta com a conversão de toda a Geórgia ao catolicismo". Este foi o comentário do "Ministro do Exterior" vaticano Jean-Louis Tauran na Rádio Vaticano em 20 de setembro sobre a decisão do governo georgiano — sob pressão da Igreja Ortodoxa local — de suspender na última hora a assinatura de um acordo entre Tbilisi e a Santa Sé, prevista no mesmo dia. O incidente georgiano aconteceu durante a viagem de sete dias (18-25 de setembro) realizada por Tauran no Cáucaso, onde visitou também a Armênia e o Azerbaijão.


Diplomacia/2
Novos núncios na Costa Rica, Croácia e Sudeste Asiático

No dia 31 de julho o arcebispo filipino Osvaldo Padilla, 61 anos, foi nomeado núncio na Costa Rica; desde agosto de 1998 era núncio na Nigéria.
Em 4 de agosto o arcebispo espanhol Francisco-Javier Lozano, 60 anos, foi nomeado núncio na Croácia; desde dezembro de 2001 prestava serviço junto à primeira seção da Secretaria de Estado, onde dirigia o Departamento de Informação e Documentação; antes disso foi núncio na República Democrática do Congo.
Em 20 de setembro o arcebispo Salvatore Pennacchio, 51 anos, de Nápoles, foi nomeado núncio na Tailândia, Singapura, Camboja e delegado apostólico em Mianmar, Laos, Malásia e Brunei. Sacerdote desde 1976, três anos depois, Pennacchio entrou para a diplomacia pontifícia e trabalhou nas nunciaturas do Panamá, Etiópia, Austrália, Turquia, Egito, Iugoslávia e Irlanda. Foi promovido arcebispo em 1998, e no mesmo ano foi como núncio à Ruanda.
No entanto em 5 de agosto o novo arcebispo Antonio Ariotti, 55 anos, italiano de Cremona que no dia 17 de julho foi nomeado núncio em Camarões, foi nomeado também núncio na Guiné Equatorial.


Diplomacia/3
Novo embaixador da Bolívia junto à Santa Sé

No dia 8 de setembro o novo embaixador da Bolívia junto à Santa Sé apresentou as suas cartas credenciais. Trata-se de Valentin Abecia Baldivieso, 78 anos completados no dia seguinte, advogado, professor de Direito, político (ministro do Exterior em 1989), ex-embaixador na Espanha (1986-1989), presidente do conselho de administração da Fundação Cultural do Banco Central da Bolívia.


Sérvia
Criado um exarcado para os fiéis de rito oriental

No dia 28 de agosto foi erigido o exarcado apostólico da Sérvia e Montenegro para os quase 23 mil católicos de rito bizantino do último fragmento da ex-Iugoslávia. Como primeiro exarca , que residirá em Ruski Krstur, foi nomeado o bispo Djura Dzudzar, 49 anos, croata, que estava na Congregação para as Igrejas Orientais e, desde março de 2001, auxiliar da diocese greco-católica de Mukacheve na Ucrânia.


Universidades Pontifícias
Cavallotti reitor na Urbaniana

Monsenhor Giuseppe Cavallotti, 63 anos, de Asti, é o novo reitor da Pontifícia Universidade Urbaniana, onde era o decano da Faculdade de Missiologia. Assume o lugar de monsenhor Ambrogio Spreafico, 53 anos, da Comunidade de Santo Egídio, que terminou o seu mandato.


Congo
Acolhidas as demissões do ex-secretário do Papa

No dia 14 de agosto foram aceitas as demissões do bispo de Luebo, Emery Kabongo Kanundowi, 59 anos, que antes de ser titular da diocese da República Democrática do Congo foi, de 1982 a 1988, segundo secretário de João Paulo II. Kabongo recebeu a nomeação de cônego do capítulo da Basílica Vaticana de São Pedro.


Livros
Padre Grieco: Gantin visto de perto

Padre Gianfranco Grieco, um dos principais enviados do L’Osservatore Romano, escreveu um livro dedicado à figura do cardeal Bernardin Gantin, decano emérito do Colégio dos Cardeais, por 13 anos prefeito da Congregação para os Bispos. O livro Benin, la mia Africa, la mia Chiesa (Ed. Piemme), como escreve o autor na apresentação, "não pretende contar a vida e as obras do cardeal Gantin. É apenas uma longa reportagem sobre alguns momentos significativos da sua dinâmica e itinerante existência vivida sempre seguindo os passos da doação. Por muitos anos, discretamente, junto com outros abençoados "amigos do cardeal", caminhamos juntos. Este livro quer apenas propor, de modo novo e original, a paixão do cardeal pela Igreja missionária, por João Paulo II, pelo Benin: três amores, reunidos em um único grande amor que é Cristo "’Redentor do homem’".




CÚRIA ROMANA

Dziwisz, Harvey e Marini promovidos a arcebispos


Stanislaw Dziwisz

Stanislaw Dziwisz

No dia 29 de setembro, um dia depois do anúncio da criação de 31 novos cardeais, dos quais um in pectore, foram elevados à dignidade de arcebispos o bispos James Michael Harvey, 54 anos, prefeito da Casa Pontifícia, Stanislaw Dziwisz, 64 anos, prefeito adjunto da Casa Pontifícia e secretário particular do Papa, Piero Marini, 61 anos, mestre das cerimônias litúrgicas pontifícias. Os três eclesiásticos tinham sido nomeados bispos em fevereiro de 1998.




PAPA

Faleceu monsenhor Michalski, confessor de João Paulo II


No dia 20 de setembro faleceu monsenhor Stanislaw Michalski, 87 anos, ex-oficial do exército polonês, cônego do capítulo da basílica patriarcal de Santa Maria Maior e confessor do Papa. A cerimônia fúnebre, celebrada na mesma basílica em 25 de setembro, contou com a presença do secretário particular do Papa, Stanislaw Dziwisz. No Osservatore Romano de 29-30 de setembro, dentro de um artigo dedicado ao funeral, foi publicado o texto do telegrama enviado por João Paulo II para a ocasião, no qual escrevia: “Depois de ter defendido a pátria como oficial polonês, foi preso pelos alemães e depois de ser libertado fez parte do regimento do general Anders participando da libertação da Itália. Em Roma tomou o caminho da preparação ao sacerdócio e por muitos anos prestou o seu qualificado serviço à comunidade polonesa romana, especialmente às comunidades religiosas, testemunhando zelo pelo Evangelho e fidelidade à Igreja. Enquanto elevo férvidas orações de sufrágio para o merecido repouso eterno deste estimado sacerdote de profunda ascese e de grande tensão espiritual, recordo o exemplar ministério do qual pude também diretamente me beneficiar”.


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