Retrato do arcebispo Giovanni Lajolo
Quando diplomacia rima com eutrapelia
de Gianni Cardinale
Giovanni Lajolo
Duas curiosidades. A primeira é que dom Giovanni Lajolo, mesmo sendo um piemontês legítimo, é também filho de uma cidadã norte-americana. Como contou à Catholic News Service, a agência de imprensa do episcopado dos EUA, pouco depois do anúncio de sua nomeação, sua mãe, antes de se casar, havia emigrado com a família para os Estados Unidos e adquirido a cidadania americana, “da qual tinha tanto orgulho que a conservava, mesmo depois de voltar à Itália”. A segunda curiosidade é que Dom Giovanni cultiva também uma virtude pouco conhecida, a da eutrapelia. Ele o revelou num artigo sobre seu “inesquecível superior”, o cardeal Corrado Bafile, publicado no ano passado numa miscelânea organizada por dom Francesco Di Felice por ocasião dos cem anos do purpurado (que vai completar 101 em 4 de julho). No final do artigo, Lajolo escreveu: “Que a virtude da eutrapelia sirva também para tornar mais humano, mais leve e eficaz qualquer serviço, sobretudo eclesiástico, e possa ter uma contribuição não pequena - como se viu no caso do núncio Bafile - também para o sucesso da atividade de um diplomata da Santa Sé. Afinal, ela também é um amável raio da luz de Cristo”. Mas em que consiste exatamente essa virtude?
Dom Giovanni Lajolo aceitou explicá-lo aos leitores de 30Dias: “A eutrapelia pode ser definida como a virtude da jocosidade, como a tinham São Filipe Néri e São João Bosco. É uma forma de aliviar a tensão física ou espiritual. Usando uma palavra moderna, poderíamos dizer também que é a arte do relax. Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica - uma obra notoriamente séria e tensa, mas também olimpicamente serena - fala dessa virtude diversas vezes, e escreve que o espírito humano se despedaça se nunca ‘relaxa’ de seus compromissos. Pela virtude da eutrapelia, podem-se transformar palavras e ações em momentos de serenidade. Ela se manifesta no jogo alegre, mas transparece também numa piada amigável, num relato espirituoso ou numa conversa cheia de vida. Temos exemplos da eutrapelia bem próximos de nós, em João XXIII, em João Paulo I e no atual Pontífice”.