Rubriche
Extraído do número08 - 2009


ARRIGO LEVI

O conforto que veio de Paulo VI


Paulo VI nos Jardins do Vaticano

Paulo VI nos Jardins do Vaticano

Em um artigo publicado no La Stampa de 12 de setembro, com o título Uma certa ideia do país, Arrigo Levi analisa a situação italiana presente e do recente passado. Segue a conclusão: “Não ignoramos as perigosas tensões que se manifestam, mas acreditamos na solidez e ampla popularidade das nossas grandes instituições, e percebemos também muitos fatos positivos, muitos progressos sociais, civis e econômicos, até mesmo políticos que confortam a nossa confiança na ideia da Itália que sempre trouxemos no coração”. No artigo, há também uma homenagem a Paulo VI: “E não esqueçamos de quanto foi forte o conforto dado aos defensores da nossa democracia pelo grande Papa Paulo VI, homem de sólida fé antifascista, sempre preocupado com os acontecimentos italianos”.




CRISTIANISMO

Messori, a ética e o enfraquecimento da fé


IVocação de São Mateus/I, Caravaggio, igreja de São Luís dos Franceses, Roma

IVocação de São Mateus/I, Caravaggio, igreja de São Luís dos Franceses, Roma

“A obsessão pela ética cresce quando a fé diminui e, hoje, justamente a fé parece enfraquecer, como denuncia o Papa”. Assim escreveu Vittorio Messori em um artigo publicado no Corriere della Sera de 20 de setembro. O escrito refere-se à frase de Bento XVI presente na carta aos bispos de março de 2009: “No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento”.




SERGIO ROMANO

Papa Wojtyla, a queda do muro de Berlim e o muro entre Roma e Moscou


Manifestação do Solidarnosc,  Varsóvia, 1982 BR[© Associated Press/LaPresse]

Manifestação do Solidarnosc, Varsóvia, 1982 BR[© Associated Press/LaPresse]

Em uma carta enviada ao Corriere della Sera de 8 de setembro, um leitor pediu a Sergio Romano esclarecimentos sobre qual teria sido o papel de João Paulo II na queda da União Soviética. Romano responde que o pontificado de Karol Wojtyla influenciou o curso dos eventos em dois modos. Um positivo, pois as suas repetidas visitas à Polônia e o seu “apoio não só moral ao Solidarnosc” favoreceram reformas institucionais no sentido liberal para o seu país. Um menos positivo, devido à política do papado para com a Ortodoxia. Sergio Romano explica: “Wojtyla acreditou que a derrota do comunismo teria finalmente acabado com o cisma, trazendo a volta à unidade e, naturalmente, o reconhecimento do primado do bispo de Roma. Pediu a Gorbatchov, e conseguiu, que os católicos de rito grego da Ucrânia ocidental (os Uniatas) obtivessem novamente a posse dos bens eclesiásticos perdidos na época de Stalin. Pediu e conseguiu que a Santa Sé fosse autorizada a criar na Rússia quatro grandes dioceses episcopais: um privilégio que os czares tinham-lhe firmemente negado. E confiou a tarefa da evangelização a um copioso grupo de bispos e sacerdotes poloneses. Não entendeu que aqueles padres poloneses seriam vistos na Rússia como as vanguardas de um projeto imperial e que teria explodido a partir daquele momento entre Moscou e Roma, uma nova guerra fria. Depois da queda do muro de Berlim um outro muro dividiu por muito tempo as duas maiores cristandades europeias. O homem que mais trabalhou para abatê-lo, nestes anos, tem sido Bento XVI.





Papa Bento XVI [© Cristian Gennari/Siciliani]

Papa Bento XVI [© Cristian Gennari/Siciliani]

Papa/1
“A Igreja não age para ampliar o seu poder”

“Reitero com veemência o que muitas vezes foi dito pelos meus venerados predecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo”. Palavras do Papa Bento XVI na Mensagem para o 83º Dia Missionário Mundial a ser celebrado no domingo, 18 de outubro.


Papa/2
“Evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”

“Nos seus fiéis e nos seus ministros, a Igreja é sobre a terra a comunidade sacerdotal organicamente estruturada como Corpo de Cristo, para desempenhar eficazmente, unida à sua Cabeça, a sua missão histórica de salvação [....] É na diversidade essencial entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum que se entende a identidade específica dos fiéis ordenados e leigos. Por essa razão é necessário evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”. Palavras do Papa Bento XVI, quinta-feira 17 de setembro, aos prelados da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil (Nordeste 2) em Roma para a visita ad limina apostolorum.


Papa/3
Algo que vem antes

“Hoje, para a habitual reflexão dominical, inspiro-me no trecho da Carta de Tiago que nos é proposto na hodierna Liturgia (3, 16-4, 3), e detenho-me em particular sobre uma expressão que chama a atenção pela sua beleza e atualidade. Trata-se da descrição da verdadeira sabedoria, que o Apóstolo contrapõe à falsa. Enquanto esta é ‘terrestre, material e diabólica’, e se reconhece pelo fato de que provoca ciúmes, contendas, desordens e toda a espécie de más ações (cf. 3, 16), ao contrário, ‘a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, indulgente, generosa, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia’ (3, 17). Um elenco de sete qualidades, segundo o uso bíblico, das quais sobressaem a perfeição da sabedoria autêntica e os efeitos positivos que ela produz. Como primeira e principal qualidade, colocada quase como condição para as outras, São Tiago cita a ‘pureza’, isto é, a santidade, o reflexo transparente - por assim dizer - de Deus no ânimo humano”. Assim se expressou o Papa Bento XVI por ocasião do Angelus de domingo, 20 de setembro. Concluindo a breve meditação o Papa disse: “Queridos amigos, mais uma vez a Sagrada Escritura nos fez refletir sobre aspectos morais da existência humana, mas a partir de uma realidade que precede a mesma moral, isto é, da verdadeira sabedoria. Peçamos a Deus com confiança a sabedoria do coração, por intercessão daquela que acolheu no seu seio e gerou a Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, nosso Senhor. Maria, Sede da Sabedoria, reza por nós!”.


Igreja/1
Dionigi Tettamanzi, a crise econômica e Pio XI

No dia 14 de setembro, em um discurso publicado no La Stampa, o arcebispo de Milão cardeal Dionigi Tettamanzi analisou as causas da atual crise econômica. No artigo, depois de ter feito paralelismos entre a atual crise e a de 1929, citou uma passagem da encíclica de Pio XI Quadragesimo anno (1931): “A recta ordem da economia não pode nascer da livre concorrência de forças. Deste princípio como de fonte envenenada derivaram para a economia universal todos os erros da ciência económica individualista; olvidando esta ou ignorando, que a economia é juntamente social e moral, julgou que a autoridade pública a devia deixar em plena liberdade”.


Igreja/2
Monsenhor Parolin novo núncio na Venezuela

“Gostaria que o meu coração, naquele dia, estivesse cheio de gratidão, de humildade, de amor, de espírito de serviço”. É um trecho da carta escrita a 17 de agosto pelo monsenhor Pietro Parolin, ex-subsecretário da seção das Relações com os Estados da Secretaria de Estado, por ocasião da sua nomeação a arcebispo ocorrida a 12 de setembro, em vista do seu novo cargo de núncio na Venezuela. Assim prossegue a carta: “De gratidão, porque conheci a bondade misericordiosa do Senhor [...]. De humildade, porque quanto mais passam os anos, mais se percebe a própria miséria e inadequação diante do dom incomensurável de Deus: ‘Piedade de nós, Senhor, piedade de nós’. De amor, porque gostaria que cada dia que me resta de vida, cada instante, cada respiro, fosse apenas a repetição do impulso de Pedro, meu santo padroeiro, às margens do mar da Galileia: ‘Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo’ (Jo 21, 17)”.


Igreja/3
Giacomo Biffi: o purgatório é o lugar onde as almas “vão embelezar-se”

“Quanto ao purgatório, é uma coisa que, de um certo ponto de vista, é muito simples. No desígnio de Deus é preciso purificar-se, não basta dizer: eu errei. Porém, devem ser consideradas erradas as tendências da piedade popular e de uma certa teologia que interpretou o purgatório como um pequeno inferno. O clima do purgatório é a serenidade. As almas estão na graça de Deus. O cardeal Schuster dizia que o purgatório é como um curso de exercícios espirituais [...]. Considero congenial neste sentido a descrição dantesca das almas ‘que vão embelezar-se’”. Palavras do arcebispo emérito de Bolonha, cardeal Giacomo Biffi, em um discurso publicado no L’Osservatore Romano, edição italiana de 6 de setembro.


Cuba
Raúl Catro autoriza a celebração da Eucaristia nas prisões cubanas

A partir do mês de setembro em todos as prisões cubanas, onde houver detentos que o solicitem, pode-se celebrar a santa missa e realizar outros cultos cristãos. A decisão das autoridades cubanas foi revelada pelo pastor evangélico Miguel Hernández, presidente do Conselho das Igrejas Cubanas. A notícia foi confirmada pela Conferência Episcopal de Cuba.


OTAN
O secretário da OTAN: um “novo início” com Moscou

No dia 17 de setembro o presidente dos Estados Unidos Barak Obama anunciou que os Estados Unidos não construirão o chamado escudo espacial, sistema defensivo visto como uma ameaça pelas autoridades russas. Um dia depois, a Rússia respondeu congelando as medidas militares decididas em resposta ao escudo. O jornal La Stampa assim sintetizou no dia 19 de setembro: “O relâmpago de serenidade nas relações internacionais reflete-se nas palavras do secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, que na sua primeira declaração pública desde a sua posse falou da possibilidade de ‘um novo início’ nas relações entre a Aliança e Moscou”.


Cúria/1
Balestrero subsecretário das Relações com os Estados

Em 17 de agosto monsenhor Ettore Balestrero foi nomeado subsecretário da seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, em prática “vice-ministro do Exterior vaticano”. Assume o lugar de monsenhor Pietro Parolin, nomeado núncio na Venezuela (ver adiante). Balestrero, 43 anos em dezembro, nasceu em Gênova e foi ordenado sacerdote pela diocese de Roma em 1993. Aluno do Almo Colégio Caprânica, graduou-se em Teologia e fez o doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense. Depois de exercer o ministério pastoral na paróquia Sancta Mater Ecclesiae em Roma, frequentou a Pontifícia Academia Eclesiástica. Em 1996 entrou para o serviço diplomático da Santa Sé e serviu nas nunciaturas da Coreia até 1998 e depois nos Países Baixos nos três anos sucessivos. Desde 2001 prestava serviço na segunda seção da Secretaria de Estado.


Cúria/2
Um africano subsecretário do Conselho para a Pastoral da Saúde

No dia 1º de setembro monsenhor Jean-Marie Musivi Mpendawatu foi nomeado subsecretário do Pontifício Conselho para os agentes de saúde. Nascido na República Democrática do Congo, 54 anos, trabalha no dicastério desde 1991 quando foi chamado pelo então presidente cardeal Fiorenzo Angelini.


Diplomacia
Novos núncios na Sérvia, Venezuela e Espanha

No dia 8 de agosto o arcebispo Orlando Antonini, 65 anos em outubro, foi nomeado núncio apostólico na Sérvia. Ordenado sacerdote em 1968, arcebispo em 1999, desde 2005 era representante pontifício no Paraguai.
No dia 17 de agosto monsenhor Pietro Parolin, 54 anos, há sete anos “vice-ministro do Exterior” vaticano, foi promovido arcebispo e núncio apostólico na Venezuela.
No dia 20 de agosto o arcebispo Renzo Fratini, 65 anos, foi nomeado núncio na Espanha e Andorra. Ordenado sacerdote em 1969, arcebispo desde 1993, desde 2004 era representante pontifício na Nigéria.


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