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CANONIZAÇÕES
Extraído do número 04 - 2004

SANTOS. Aníbal Maria Di Francia e Luís Orione

“Dom Orione foi sempre da Igreja e do Papa”


Sua fidelidade de criança ao sucessor de Pedro e sua grande caridade impressionaram os pontífices que o puderam conhecer. Alguns antes mesmo de ascender à cátedra de Pedro. O prefeito da Congregação para as Causas do Santos lembra a relação entre Dom Orione e os papas do século XX


do cardeal José Saraiva Martins


Dom Orione com os órfãos acolhidos no Pequeno Cotolengo de Claypole, em Buenos Aires, em 1935

Dom Orione com os órfãos acolhidos no Pequeno Cotolengo de Claypole, em Buenos Aires, em 1935

Num pedacinho de papel, Dom Orione escreveu as palavras essenciais da epígrafe que queria para seu túmulo: “Aqui repousa na paz de Cristo o sacerdote Luís Orione, dos Filhos da Divina Providência, que foi totalmente e sempre da Igreja e do Papa. Rezem por ele” (Summarium, p. 978). Mesmo quem conhece apenas um pouco do itinerário de vida desse que João Paulo II definiu “uma expressão genial da caridade cristã” sabe que o amor filial ao papa constitui a nota dominante e característica do padre santo de Tortona. “Minha fé é a fé do Papa, é a fé de Pedro” (Escritos, 49, p. 116). É a sua lição de vida, destinada não apenas aos Orionianos, aos quais ele disse: “Esta é a herança que eu lhes deixo: que ninguém jamais poderá nos superar no amor e na obediência, a obediência mais plena, mais filial, mais doce ao Papa e aos bispos” (Escritos, 20, p. 300). Mas sua sincera e radical fidelidade ao magistério do papa, vivida abertamente, sempre professada e proclamada, sobretudo diante de fatos e pensamentos que a ameaçavam, ao contrário de ser sinal de fanatismo sectário, é condição para um abraço de caridade universal, é nota essencial de uma espiritualidade aberta, sem fronteiras. Uma fidelidade-unidade que não foi para Dom Orione uma contenção no seu caminho sempre em frente, “na vanguarda dos tempos”, como ele afirmava, mas garantia, ponto de referência, “certeza de que percorria os caminhos da Providência” (Escritos, 61, p. 215) com coragem pioneira e visão de futuro, rumo a fronteiras de ação ainda não exploradas, a abraços que pareciam impossíveis ou até proibidos, como o abraço a alguns homens do modernismo e a personalidades da cultura e da vida pública que percorriam cami­nhos de pensamento e ação bem diferentes dos da Igreja.
De fato, com essa profunda devoção ao sucessor de Pedro, ele esteve “ao lado dos papas”, de cinco papas. E estes o interpelaram em diversas circunstâncias, confiando-lhe questões espinhosas e delicadas, para enfrentar as quais Dom Orione prestou, com inteligência, serviços até muito pessoais, difíceis e, às vezes, heróicos. Para tocar, portanto, o tema da proximidade filial de Dom Orione com os papas, mergulhamos no coração da espiritualidade e da história desse humilde, singular e santo sacerdote. Lendo suas biografias, não é difícil reunir alguns dados de sua ação ao lado dos papas que se sucederam no trono de Pedro durante o século XX.
Luís Orione, seminarista, em uma foto de 1892

Luís Orione, seminarista, em uma foto de 1892

Dom Orione nasceu em 1872, dois anos depois da tomada de Roma, na época da angustiante Questão Romana e do pontificado do beato Pio IX. Não chegou a conhecer esse Papa pessoalmente, mas percebeu, nos anos de sua formação, o clima conflituoso que o cercava, como também a forte “piedade papal” difundida em amplas partes do catolicismo italiano.
Em 1892, clérigo havia vinte anos, preparou uma publicação, O mártir da Itália, com a qual pretendia mostrar o valor do Sumo Pontífice e desmascarar as muitas distorções ideológicas e políticas de sua pessoa e de sua ação. “Pio IX”, escrevia Dom Orione, “foi a maior figura de nosso século, o incansável debelador da revolução disfarçada de todas as formas, o amigo e benfeitor dos povos, o invencível atleta da verdade e da justiça: suas obras serão imortais, e seu longo pontificado, de 32 anos, constituirá uma das épocas mais luminosas da história da Igreja e da Pátria” (Mensagens de Dom Orione, nº 102, p. 31).
Em 1904, Dom Orione talvez tenha sido o primeiro a dirigir-se ao recém-eleito papa Pio X para encorajá-lo a abrir a causa de canonização de seu predecessor: “Meu Beatíssimo Padre, prostrado aos Vossos pés benditos humildemente Vos suplico que Vos dig­neis a dar início à Causa do Santo Padre Pio IX, e Vos conforto a querer glorificá-lo” (ibidem). A causa realmente foi aberta e, por algum tempo, Dom Orione foi seu vice-postulador.
Leão XIII foi o primeiro Papa que Dom Orione encontrou pessoalmente. O estímulo e a iluminação do papa Pecci a uma presença menos defensiva e mais empreendedora dos católicos na vida social encheram de altos ideais e de santos projetos o jovem Orione, durante seu tempo de formação no seminário e os primeiros passos de sua nova Congregação. Certamente o cunho imposto por Dom Orione em sua obra, de uma espiritualidade e de uma ação pastoral marcadamente encarnadas no social, provem do magistério e das diretrizes de Leão XIII, com as quais ele estava fortemente sintonizado. Disso restaram traços indeléveis nas primeiras constituições de sua Congregação, elaborada durante o pontificado de Leão XIII e a ele apresentadas numa memorável audiência pessoal, em 11 de janeiro de 1902. “Eu lhe apresentei a Regra”, disse Dom Orione a respeito dessa audiência; “ele a abençoou, tocou-a, pôs mais de uma vez as mãos sobre a minha cabeça, para me confortar; disse-me muitas coisas; entre outras, que eu pusesse nas Regras o dever de trabalhar pela união das Igrejas do Oriente: ‘Este’, disse-me o Papa, ‘é um altíssimo conse­lho meu’” (G. Papasogli, Vita di don Orione, p. 138).
Dom Orione, ao centro, com padre Guanella (à sua esquerda), ao final de uma audiência com Pio X

Dom Orione, ao centro, com padre Guanella (à sua esquerda), ao final de uma audiência com Pio X

Esse empenho ecumênico, insólito e profético no início do século XX, é um fruto típico do fato de Dom Orione estar efetivamente “ao lado” do Papa, ou seja, em sintonia com ele, devotado a ele, pronto a executar as indicações pontifícias. Sabemos que Leão XIII foi muito sensível e ativo no que diz respeito às relações com as Igrejas orientais. É a partir de Leão XIII que se pode falar de um “ecumenismo católico”. Efetivamente, Dom Orione, já inflamado pela unidade da Igreja, não hesitou em assumir também essa indicação ecumênica de Leão XIII em suas constituições e, depois dessa famosa audiência, declarou-se “contentíssimo e consoladíssimo por não ter errado nos critérios constitutivos da Regra” (idem, ibidem).
São Pio X foi sem dúvida o Papa mais determinante da vida de Dom Orione, o qual afirmava: “O Santo Padre Pio X será sempre o nosso Sumo Benfeitor, o nosso Papa!” (Escritos, 82, p. 98). Tendo subido ao trono pontifício em 1903, o patriarca Giuseppe Sarto optou pelo lema “Instaurare omnia in Christo”, que Dom Orione escolhera para sua Congregação dez anos antes. O caráter fortuito da coincidência era sinal da afinidade espiritual daquelas duas grandes almas, e viria a se consolidar na história de suas relações.
O primeiro encontro entre eles tem o sabor de um episódio das vidas dos santos. O patriarca Giuseppe Sarto chamara a Veneza o jovem músico padre Lorenzo Pe­rosi, coetâneo e concidadão de Dom Orione. Honrava-o com sua amizade, às vezes o tinha como convidado à mesa e companheiro em algum jogo de cartas. O pai de Lorenzo, temendo que o cardeal viciasse seu filho, confidenciou seus temores a Dom Orione. Este, sem pensar duas vezes, escreveu uma carta ao patriarca, pedindo-lhe que não levasse o promissor “maestrinho” para o mau caminho. Depois de enviar a carta, desejava que sua “pequena exortação”, respeitosa, mas audaz, logo fosse esquecida. Mas... o que se escreve permanece! Quando, uma década mais tarde, foi recebido pela primeira vez em audiência pelo ex-patriarca de Veneza, recém-eleito Papa, sentiu faltarem-lhe as forças quando viu o Papa tirar do breviário a célebre carta. O santo Pontífice não a levara a mal; pelo contrário, assegurou ter encontrado um bem nela: “Ao Papa também é boa uma lição de humildade”, comentou (E. Pucci, Don Orione, p. 71s).
Seria demorado enumerar os serviços prestados por Dom Orione a Pio X e as demonstrações de confiança e de afeto de Pio X para com Dom Orione, depois daquela audiência. Instaurou-se entre o Santo Padre e o jovem sacerdote de Tortona uma relação de confiança a toda prova. Dom Orione aceitou sem a mínima hesitação as incumbências que lhe foram confiadas por Pio X, muitas vezes delicadas e difíceis, como a de ser vigário-geral plenipotenciário da diocese de Messina nos quatro anos turbulentos que se seguiram ao terremoto de 1908, ou a de estender a ação do Pontífice aos modernistas, uma ação muitas vezes severa, em nome da verdade, mas sempre perpassada de caridade fraterna.
Dom Orione com os órfãos de cor durante sua primeira viagem à América do Sul

Dom Orione com os órfãos de cor durante sua primeira viagem à América do Sul

Por esse entendimento reto, leal e discreto, estabelecido entre os dois santos, Dom Orione viu-se em situações pessoais repletas de dificuldades e incompreensões. “É um mártir!”, disse Pio X a res­peito de Dom Orione, ao final do período em Messina (Summarium, p. 524). Um outro episódio significativo, digno das vidas de santos, foi verdadeiro e dramático. A certa altura, as relações de Dom Orione com alguns modernistas que haviam incorrido em censuras eclesiásticas suscitou suspeitas acerca de sua plena ortodoxia. Pio X quis ocupar-se pessoalmente da questão. Chamou-o em audiência sem motivo aparente e sondou suas palavras e seu rosto. Num determinado momento, pediu-lhe que se ajoelhasse e rezasse o Credo. “Frente a frente”, contou depois o escritor Tommaso Gallarati Scotti, “estavam o Supremo Pastor da Igreja, tremebundo por suas responsabilidades, e Dom Orione, inocente, com a fé simples de sua primeira comunhão, mas carregado das tribulações e das nossas culpas”. Terminada a oração do Credo, tão devota e intimamente vivida, o rosto do Santo Padre parecia serenado. E despediu-se de Dom Orione, dizendo: “Vá, vá, filhi­nho... Não é verdade o que dizem de você!” (Papasogli, p. 227).
Dom Orione também teve muitos contatos pessoais com Bento XV. Seguiu o “Papa da paz” sobretudo em seu projeto de um universalismo mais decidido da obra missionária. Vem daqueles anos o corajoso impulso missionário da Pequena Obra da Divina Providência, que a levou à América Latina, ao Oriente Médio árabe e à Polônia cristã, olhando para a Rússia. O próprio Dom Orione viajou ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai em 1921 e em 1922. Sabendo da vontade do Pontífice acerca da Questão Romana, escreveu um corajoso Apelo aos homens de Estado, para que dessem “corajosamente um passo adiante” para chegar à solução do problema (Escritos, 90, 352). Por ocasião do vigésimo quinto aniversário de sacerdócio de Dom Orione, Bento XV fez chegar até ele como presente um cálice e uma longa carta de próprio pu­nho, na qual reconhecia o mérito de ter “gasto todos esses anos não apenas por você, mas pelo bem comum, no perene interesse da Santa Igreja” (Papasogli, p. 367).
A relação de Dom Orione com Pio XI foi ainda mais cheia de audiências, colóquios e relatórios sobre missões confidenciais e delicadas, que foram intensificadas pela confiança que o ligava ao cardeal Pietro Gasparri, Secretário de Estado. Por exemplo, só recentemente os arquivos deram a conhecer o papel decisivo e discreto do beato de Tortona no esclarecimento dos intrincados acontecimentos ligados à vida de São Pio de Pietrelcina. Ao final de uma difícil mediação de Dom Orione para evitar uma iniciativa que podia corroer o prestígio da Santa Sé, Pio XI não hesitou em comentar numa audiência: “Dom Orione suou sete camisas, mas deu consolações ao Papa” (Summarium, p. 894).
A razão que unifica a muitos dos episódios e das ações que vêem Dom Orione ao lado de Pio XI é a vontade de promover o prestígio e a centralidade do papado, condição para a afirmação de uma autêntica catolicidade eclesial, força de coesão de um universalismo que seria a única forma de valorizar a genialidade dos povos salvando-os das crescentes tentações nacionalistas.
Dom Orione e o cardeal Eugenio Pacelli, na qualidade de legado pontifício para as celebrações do Congresso Eucarístico Internacional, a bordo do navio Conte Grande

Dom Orione e o cardeal Eugenio Pacelli, na qualidade de legado pontifício para as celebrações do Congresso Eucarístico Internacional, a bordo do navio Conte Grande

Nesse quadro devem ser vistas também as intervenções significativas e eficazes de Dom Orione para desbloquear as negociações que levaram à Conciliação entre o Estado e a Igreja na Itália, em 1929. Na carta que escreveu a Mussolini em 1923, Dom Orione fazia ver que a verdadeira conciliação a ser buscada era entre a “romanidade” e a “universalidade” do papado, que pressupunham uma autonomia e uma liberdade até políticas (cf. Mensagens de Dom Orione, 107, pp. 27-45). Essa visão da missão espiritual e civil do papado, naqueles anos de nacionalismos acentuados e perigosos, exprimia-se num profetismo que enxergava longe: “Vejo, dos quatro ventos, virem os povos a Roma”, escrevia Dom Orione. “Vejo o Oriente e o Ocidente reunindo-se na verdade e formando os dias mais belos da Igreja. Será uma admirável reconstrução, talvez a maior das épocas, a pax Christi in regno Christi” (Escritos, 86, p. 102).
O cardeal Eugenio Pacelli conheceu Dom Orione em 1934, durante a viagem de navio da Itália a Buenos Aires e o tempo de permanência na capital argentina para as celebrações do Congresso Eucarístico Internacional. Pacelli foi eleito papa, com o nome de Pio XII, em 12 de março de 1939, exatamente um ano antes da morte de Dom Orione. Só tiveram tempo para um cumprimento, cheio de apreensão pelos ventos de guerra que já se manifestavam. Foi quase um ícone-testamento: Dom Orione ao lado e “de joelhos” aos pés do Papa. Era 28 de outubro de 1939. O automóvel do Papa parou na via Appia - a “Patagônia romana” entregue por Pio X aos Orionianos -, na volta da residência de Castelgandolfo. Dom Orione aproximou-se e ajoelhou-se ao lado do carro, cercado pelos frades de sua congregação e por 1.200 alunos do instituto São Filipe. O Papa pôs a cabeça para fora. Dom Orione tomou sua mão, beijou-a e a apertou sobre a cabeça inclinada num gesto humilde, grato, de fé. Pio XII deixou-o fazer isso e o abençoou amavelmente (Papasogli, p. 494). Quando Dom Orione morreu, depois de poucos meses, em 12 de março de 1940, Pio XII definiu-o “pai dos pobres e insigne benfeitor da humanidade dolorosa e abandonada” (Summarium, p. 86).
Podemos dizer que Dom Orione também esteve ao lado dos últimos papas que se sucederam na cátedra de São Pedro, não apenas pela comunhão espiritual que liga a Igreja, mas também pela lembrança que os papas tiveram dele.
Paulo VI em visita à paróquia romana de Todos os Santos

Paulo VI em visita à paróquia romana de Todos os Santos

João XXIII falou em várias ocasiões de seu primeiro encontro com Dom Orione, quando, no início de seu serviço junto à Santa Sé, na década de 1920, foi convidado a aconselhar-se com ele. Dirigiu-se ao Instituto São Filipe, além da Porta San Giovanni, e o porteiro lhe disse que encontraria Dom Orione no pátio. Num canto, um grupo de garotos jogava discos com um padre já de certa idade. Ele se voltou, separou-se por um instante de seus amigos e perguntou: “Monsenhor, procura por alguém?”. “Sim, gostaria de falar com Dom Orione”, respondeu monsenhor Roncalli. “Dom Orione sou eu. Tenha alguns minutos de paciência: o jogo está acabando; lavo as mãos e estarei com o senhor”. Essas palavras, ditas com tamanha cortesia, com o olhar sorridente, impressionaram o jovem prelado, que chegara a Roma havia pouco, vindo de Bérgamo; em seu diário, à noite, ele anotou: “28 de março de 1921. Segunda-feira de Páscoa. À tarde, com monsenhor Guerinoni, visitei a igreja e as obras paroquiais de Todos os Santos, fora da Porta San Giovanni; e conversei longamente com Dom Orione, do qual pode-se muito bem dizer: contemptibilia mundi eligit Deus ut confundat fortia. O que é estulto no mundo, Deus o escolheu para confundir os fortes (1Cor 1,27)” (Mensagens de Dom Orione, 102, pp. 46-48). Tamanha estima e amizade nunca se apagaram. Quando o jornalista inglês Douglas Hyde lhe perguntou qual era a qualidade que se destacava em Dom Orione, o então patriarca Roncalli respondeu: “Dom Orione era o homem mais caridoso que já conheci. Sua caridade ia além dos limites normais. Estava convencido de que se podia conquistar o mundo com o amor” (ibidem, p. 49).
Paulo VI também ficou impressionado com a amizade e a colaboração de Dom Orione. Durante uma audiência pontifícia, contou algumas de suas lembranças. “Tivemos a consolação extraordinária de conhecê-lo numa visita que fizemos a Gênova”, lembrava. “Ele falou com uma pureza tão simples, tão despojada, mas tão sincera, tão afetuosa, tão espiritual que tocou meu coração, e fiquei maravilhado com a transparência espiritual que emanava daquele homem tão simples e humilde” (Audiência de 8 de fevereiro de 1978). Aquele primeiro encontro encorajou o jovem monsenhor Montini, na década de 1930, a interessar-se por uma colaboração discreta e efetiva com Dom Orione numa atividade muito delicada e benemérita: o auxílio a sacerdotes em dificuldade - os lapsi, como eram chamados então -, que precisavam ser socorridos e dirigidos para o bem (Mensagens de Dom Orione, 105, pp. 65-71). A estima e a devoção pessoais de Montini para com Dom Orione se estenderam a sua Congregação, que Montini apoiou generosamente sobretudo durante seu episcopado em Milão.
A cerimônia de beatificação de Dom Luís Orione

A cerimônia de beatificação de Dom Luís Orione

João Paulo I e João Paulo II não conheceram Dom Orione pessoalmente. O primeiro o definiu “o estrategista da caridade”, enquanto o atual Pontífice pôde beatificá-lo bem no início de seu pontificado. Dois dias depois da beatificação, recebendo sacerdotes, irmãs e devotos orionianos em audiência particular, surpreendeu a todos quando confessou: “Acho que este Papa vindo da Polônia tem no Paraíso um novo padroeiro que intercede por ele, e que - na luz do Reino ao qual pertencemos e para o qual tendemos - sustenta seu serviço, suas iniciativas e sua fragilidade humana neste posto em que a Divina Providência quis pô-lo, ao qual quis chamá-lo. Desejo proclamar esta minha grande confiança na intercessão do beato Dom Orione diante de todos vocês, que sois seus filhos e filhas espirituais, diante de todos vocês, que sois meus compatriotas” (Audiência de 28 de outubro de 1980).
Estas lembranças históricas da excepcional dedicação de Dom Orione ao lado dos papas nos ajudam a renovar nosso amor, nossa devoção e nossa fidelidade ao papa. Que ainda hoje soe a aflita mensagem de Dom Orione: “Nós devemos palpitar e fazer palpitar milhares e milhares de corações em torno do coração do Papa. Devemos levar a ele em especial os pequenos e as classes dos humildes trabalhadores, tão insidiadas; devemos levar ao Papa os pobres, os aflitos, os repudiados, que são os mais caros a Cristo e os verdadeiros tesouros da igreja de Jesus Cristo. Dos lábios do Papa, o povo ouvirá não as palavras que excitam ao ódio de classe, à destruição e ao extermínio, mas as palavras de vida eterna, as palavras de verdade, de justiça, de caridade: palavras de paz, de bondade, de concórdia, que convidam a amarmo-nos uns aos outros, e a nos ajudarmos para caminhar juntos, rumo a um futuro melhor, mais cristão e mais civilizado” (Cartas, II, p. 490).


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